Cerca de 180 países se reuniram nesta segunda-feira (10/08) para discussões climáticas na Organização das Nações Unidas (ONU), em meio a alertas de que está acabando o prazo para que eles cheguem a um acordo relativo ao complicado tratado a ser aprovado até o final do ano.
Entre 10 e 14 de agosto, cerca de 2.400 delegados presentes em Bonn tentarão reduzir o texto-base do pacto, delineando opções para o combate ao aquecimento global. Nos últimos meses, esse texto-base inchou de 50 para cerca de 200 páginas. "O tempo está se esgotando," disse à Reuters Yvo de Boer, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU, num salão onde um relógio avisa que faltam 118 dias para a reunião ambiental de Copenhague, em dezembro. "O desafio desta sessão é estreitar o texto," disse ele. "Temos um enorme terreno a cobrir."
A reunião de Bonn, a terceira neste ano na Alemanha, foi convocada porque havia poucos progressos a tão pouco tempo do prazo final. Ainda haverá rodadas de negociações em Bangcoc (de 28 de setembro a 9 de outubro) e Barcelona (2 a 6 de novembro). O texto de 200 páginas apresenta, entre outras coisas, ideias para controlar emissões de gases do efeito estufa nos países em desenvolvimento, ajudar os países pobres a se adaptar às mudanças climáticas, proteger florestas e arrecadar bilhões de dólares para financiar esses projetos. De Boer disse que um dos pontos mais importantes da pauta de Bonn será "como os países ricos vão demonstrar liderança para reduzir suas emissões."
Líderes do G8 (bloco de países industrializados) concordaram no mês passado na Itália em reduzir em 80 por cento suas emissões até 2050 e limitar o aquecimento global a no máximo 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Mas De Boer disse que o mundo "não caminha de forma alguma" para alcançar o limite de 2 graus Celsius. A temperatura média do planeta subiu 0,7 graus centígrados no último século, e uma comissão científica da ONU projeta que novos aumentos podem provocar ondas de calor, secas, inundações e elevação do nível dos mares.
De Boer disse que ainda há disposição dos países para definirem um acordo, apesar de a atual recessão deixar muitos governos relutantes em aceitarem cortes obrigatórios de emissões. "Ainda há uma enorme vontade política para se chegar a um acordo em Copenhague," afirmou. Os países em desenvolvimento também consideram vital mais discussões sobre como financiar o eventual acordo de Copenhague. As nações africanas, por exemplo, dizem que serão necessários pelo menos 267 bilhões de dólares por ano até 2020 para ajudar os países pobres a combater os efeitos da mudança climática.
Com o prazo se esgotando, Ellito Diringer, do Centro Pew para a Mudança Climática Global, disse que a reunião de Copenhague conseguirá no máximo criar o marco para um acordo, com muitos detalhes deixados para depois. Ele acha também que será "altamente improvável" que o Congresso dos EUA aprove uma lei climática antes de Copenhague.
(Por Alister Doyle, Reuters Brasil, 10/08/2009)