Após as queimadas, o recomendado é adotar a cobertura verde para recuperar e proteger o solo
Nesta época do ano, com o início da introdução da safra de verão, é comum ver-se produtores fazendo queimadas em capoeiras, restevas de milho, pastagens secas, potreiros, locais com macegas ou coivaras, ou mesmo, reflorestamentos desmatados para várias finalidades, como o plantio da safra, reflorestamento, plantio de pastagens, entre outras. Embora a curto prazo seja uma eficiente forma de limpeza do local e possibilita uma boa produção na primeira safra, a prática não é recomendada sob vários aspectos:
Atualmente não é permitido em virtude de que a legislação ambiental proíbe queimadas; não é adequada porque ajuda no aquecimento global em virtude do CO2 liberado para a atmosfera, e a fumaça em beiras de rodovias pode causar acidentes.
“O mais grave é em termos de solo, já que ocorre a queima da matéria orgânica ciclada naquele ambiente, formado ao longo dos anos”, alerta o chefe do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar e engenheiro agrônomo, Vicente Fin. Ele acrescenta que, além de matar os microorganismos benéficos que são responsáveis pelo equilíbrio físico, químico e biológico do solo, bem como, pela liberação de nutrientes, ocorre a perda de outros nutrientes como o nitrogênio amoniacal e o potássio que são perdidos com a queima. “Reduz também rapidamente a matéria orgânica do solo”.
Aos produtores que usaram esta prática milenar, Fin acentua que o recomendável é que faça a retirada dos materiais que possam atrapalhar, deixando ao máximo a palhada e folhas que não vão atrapalhar as práticas culturais. Nos locais onde foram feitas as queimadas, o recomendado é fazer a reposição com cobertura verde, consorciando leguminosas e gramíneas na entressafra, utilizar os corretivos de solo, no caso, calcário e fósforo e, utilizar as demais práticas conservacionistas.
Fin recomenda ainda que sempre é importante quando o produtor for fazer o descapoeiramento, que faça o licenciamento ambiental ou nivele com os órgãos responsáveis, uma vez que áreas superiores a 45º são consideradas de preservação permanente, o que pode gerar multas. “É importante também o produtor observar a distância da sanga, córregos e vertentes, mesmo que intermitentes. As matas nativas são protegidas por lei e não devem de modo algum sofrer interferência”, orienta o agrônomo.
Manejo do eucalipto
No caso específico do eucalipto, a queimada não vai interferir no rebrote e o controle de formigas pode ser feito com o uso de formicidas, distanciados de oito em oito metros em saquinhos protegidos. Fin enfoca que os cortes de eucalipto, tanto para lenha ou mesmo para vender toras, no momento, é um bom negócio.
Uma vez cortada a árvore, as gemas dormentes da cepa, que muitos chamam simplesmente de toco, brotam abundantemente e com grande facilidade. “Isto é claro, se tiver sido feito o combate das formigas cortadeiras”, alerta o agrônomo, observando que elas merecem uma atenção especial. Quando ocorrer a rebrota das cepas, deve-se deixar no máximo dois brotos por toco, compensando as falhas.
O agrônomo chama atenção de que se este desbaste se for realizado com os brotos pequenos, deve ser feita uma revisão da desbrota no ano seguinte. Mas como o produtor geralmente não tem muita mão de obra, pode ser feita a altura superior em torno de um metro e meio. Neste estágio o broto fará sombreamento não havendo necessidade de fazer novo desbaste. “Este procedimento também garantirá uma lenha de boa qualidade e um aumento de produção por hectare e maior velocidade de crescimento, o que permitirá um corte de segundo ciclo mais precoce, entre cinco e seis anos”, frisa o agrônomo.
(Por Edemar Etges, Folha do Mate, 08/08/2009)