Se aprovado, criará o primeiro rio parque do Brasil. Proposta veta construção de barragens e hidrelétricas
Um projeto de lei quer transformar o Rio Araguaia no primeiro rio parque do Brasil. A ideia é impedir que a construção de barragens e hidrelétricas mudem as características do local. Para ajudar na divulgação do projeto, uma caravana, promovida pela CNA, Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, visitou, durante cinco dias, os municípios ribeirinhos.
É um lugar selvagem, onde águas cristalinas e a mata ciliar formam um cenário perfeito. “É um rio que tem muitas especies de peixes. Por ser um rio de planície, no inverno alaga e no verão formam-se os lagos. As matas abrigam muitos animais. Então, é uma região muito rica”, avalia Rildo Virajone, major da Polícia Ambiental do Tocantins.
São quase dois mil quilômetros de extensão. O rio passa por Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Pará. Para proteger esse tesouro brasileiro, existe um projeto de lei que tem o objetivo de transformar o Rio Araguaia num parque de preservação ambiental, o primeiro do Brasil. Para buscar o apoio da comunidade, uma caravana formada por parlamentares e ambientalistas percorreu três cidades em uma viagem de cinco dias de barco pelo rio.
“A ideia do rio parque é não permitir que nenhuma ação humana possa desfigurar a sua paisagem. Esse é realmente o nome técnico. A paisagem do rio é seu perfil atual e original”, disse Kátia Abreu, presidente da CNA e senadora pelo Tocantins (DEM). Se for assinado, barragens, eclusas e hidrelétricas não poderão ser construídas. Por essas águas, só serão liberados o esporte, a pesca e náutica.
Os riscos ambientais também são uma preocupação da comunidade que vive perto do Rio Araguaia. A principal fonte de renda do lugar é pesca. Por isso, explorar o rio é um desafio porque pode causar impactos ao meio ambiente e também causar mudanças na vida da população, que depende do Araguaia para sobreviver. Nas cidades em torno do Araguaia a principal fonte de renda vem da pesca e do turismo. O projeto de lei que quer transformar o Araguaia em rio parque está na Comissão de Tecnologia e Justiça do Senado. Não há prazo para ser votado.
(Globo Amazônia, com informações do Globo Rural, 03/08/2009)
Comentário do Ambiente JÁ: a não-construção de hidrelétricas e barragens no Rio Araguaia interessa ao setor do agronegócio por causa de seu potencial hidroviário, cujo modal é mais barato que o rodoviário e o ferroviário. Ao lado do Rio Tocantins, o Araguaia é a principal via hidroviária do Cerrado, por onde se expande atualmente a fronteira agrícola brasileira, e tem ligação com o litoral norte do país, cujos portos estão mais próximos dos mercados externos.