Tudo depende do sistema de trabalho e de um conjunto de fatores que vão desde a lotação dos potreiros até a capacidade de armazenamento de forragem. Esse é o mais utilizado entendimento em relação ao que está ocorrendo agora. O período é de preocupação, pois depois de uma estiagem cruel, um inverno com geadas rigorosas e temperaturas muito baixas.
Relatos que provém das várias localidades de pecuária em Livramento apontam duas situações completamente distintas. A primeira, que parece congregar significativa parcela de pecuaristas, aponta para redução dos índices de produtividade, emagrecimento dos animais e falta de alimentação - seja campo nativo e pastagens. A segunda envolve produtores que já estavam trabalhando de forma diferenciada, antevendo os efeitos da inclemência do tempo sobre a produção, tendo reduzido lotações, comercializado gado, entre outras providências.
O fato é que muitas narrativas chegam no dia-a-dia. Uma delas sintetiza a primeira condição citada: “não tive que courear, mas andei perto, porque a perda de peso é muito grande”. A frase foi ouvida de um antigo ruralista, recém-chegado do interior do município na manhã de quinta-feira, em meio a pressa para ajustar alguns pagamentos e retornar para a propriedade rural. Suplementação, ração, feno, muitas tem sido as providências com as quais os pecuaristas, sobretudo de médio porte, estão lançando mão para evitar o emagrecimento de seus animais e garantir a comercialização.
Há excepcionalidades, como outra narrativa, também da manhã de quinta, de um produtor que está concentrado no investimento para geração de qualidade a campo, dando conta de que seus animais estão ganhando peso, enquanto uma significativa parcela na sua vizinhança registra estabilidade ou perda. Independente de escala, o fato concreto, palpável, é que as dificuldades que o tempo gera para o setor primário, estão, em mais um ano, fazendo parte do cotidiano dos pecuaristas.
Todos torcem pela incidência de chuvas em escala, antes da primavera, pois, como é sabido, o déficit pluviométrico é significativo e seria necessário, no mínimo, uma série de chuvas de 200 milímetros por mês, todos os meses até o final deste ano, para, no mínimo, equilibrar um pouco a situação, considerando-se também boa velocidade de rebrote dos pastos.
(A Platéia, 10/08/2009)