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chuvas e inundações
2009-08-10

Mais de dois dias de chuva ininterrupta deixaram o Rio Grande do Sul debaixo d’água, confinaram os gaúchos em casa e espalharam transtornos pelo Estado no final de semana. A partir de hoje, as pancadas diminuem ao longo do dia, dando lugar a novas reviravoltas do tempo. Se até amanhã o avanço do ar mais frio e seco traz chance de geada, entre quinta-feira e sábado a temperatura pode chegar aos 30ºC.

Entre sexta e sábado (07/08 e 08/08), choveu o equivalente à metade da média do mês na maioria das regiões, mas a distribuição foi desigual. Enquanto, no Noroeste, o volume acumulado superou a previsão histórica para agosto, em municípios da Campanha, a região mais carente de chuva, a precipitação representou menos de 15% do esperado. Em Bagé, por exemplo, choveu apenas 15,4 milímetros entre a manhã de sexta-feira e a de ontem, e a principal barragem seguia 6,9 metros abaixo do normal.

Até as 19h, a Defesa Civil Estadual não havia registrado qualquer chamado de emergência, nem de desabrigados, mas transtornos de menores proporções se multiplicaram pelo Estado. Ao meio-dia, uma queda de barreira no quilômetro 89 da BR-116, em Campestre da Serra, deixou o trânsito em meia pista. Agentes da Polícia Rodoviária Federal trabalhavam para liberar o fluxo na rodovia durante à tarde. Em Caxias do Sul, onde choveu o esperado para todo o mês, foram registrados alagamentos, quedas de barreiras e de energia elétrica.

Às 20h de ontem, Porto Alegre completou 54 horas sob chuva ininterrupta, de acordo com a Central de Meteorologia. Nesse período, foram registrados 147,2 milímetros de chuva, superando a média prevista para o mês. Segundo a meteorologista Estael Sias, é a maior chuva na Região Metropolitana desde maio de 2008, quando choveu 149 milímetros na Capital em 24 horas. Conforme o sistema Metroclima, da prefeitura, a chuva ultrapassou a média de 140mm em duas estações da Capital: na Lomba do Pinheiro (190,7 mm) e Belém Novo (173,8 mm).

Famílias tiveram de sair de casa no Vale do Caí
Houve inundações em diferentes pontos da cidade, como no condomínio planejado Ecoville, na Zona Norte. Ao deparar com sucessivos alagamentos na saída da Capital, a jornalista Gláucia Nielsen, 34 anos, teve dificuldades para voltar a Novo Hamburgo:

– Estou tentando sair dessa cidade e não consigo. Tentei quatro saídas e está tudo alagado – preocupou-se ela, ao perceber que o acesso pela Voluntários da Pátria estava intransitável, às 19h.

O acúmulo de chuva também contribuiu para elevar o nível de rios e arroios. Devido à elevação do rio Caí, bombeiros decidiram remover preventivamente 20 famílias do bairro Navegantes, em São Sebastião do Caí, ontem à noite. O temor era de que o aumento no nível durante a madrugada invadisse as casas. A Defesa Civil desaconselha motoristas a viajar nos próximos dias pelo risco de desabamentos e cheia de rios.

– Mesmo que a chuva pare, o nível dos rios ainda deve aumentar – alerta o coronel Joel Prates Pedroso, subchefe da Defesa Civil do Estado.

Em Espumoso, no norte do Estado, o trecho do Jacuí que atravessa a zona urbana estava, até o final da tarde de ontem, quatro metros acima do nível normal. Por causa da grande quantidade de chuva, técnicos da prefeitura visitaram locais com maior possibilidade de inundação. Em Viamão, o arroio Feijó transbordou.

Curiosamente, o excesso de chuva que trancou os gaúchos em casa foi influenciado pela umidade amazônica.

– Parece estranho, mas a Amazônia é que regula o regime de chuvas no país. Agora, essa umidade está voltada para o Sul. Ficou conectada com a frente fria que estava aqui – explica a meteorologista Estael Sias.

(Zero Hora.com.br, 10/08/2009)


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