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indústria do cigarro câncer poluição e saúde
2009-08-07

Inspeção, feita em duplas, demorava até 20 minutos, verificava sinalização e se havia clientes fumando na parte interna

A fiscalização da lei antifumo começou no primeiro minuto desta sexta (07/08) com fiscais espalhados por bairros de concentração de bares e boates na capital paulista, como Vila Madalena, Itaim e Vila Olímpia, e também fora do centro expandido, como Guaianases e Freguesia do Ó. Cada inspeção demorou de 15 a 20 minutos e verificava sinalização e o local em que clientes fumavam. Um balanço da primeira madrugada de operação só deve ser divulgado hoje à tarde.

A nova lei baniu o cigarro de todos os ambientes fechados de acesso público do Estado. A partir de hoje, não é permitido fumar em lugares como bares, restaurantes e danceterias. No Sonique Bar, na Bela Cintra, a reportagem da Folha presenciou clientes fumando escondidos no banheiro masculino. A segurança da casa foi acionada, mas os fumantes já haviam deixado o local. Nesse estabelecimento, o cliente tem de pagar os R$ 40 de consumação mínima para poder sair e fumar na rua.

A capital paulista tem 50 duplas de fiscais, um do Estado, outro da prefeitura, para cada 1.860 estabelecimentos como bares, padarias e restaurantes. Segundo dados da Fecomercio (federação do comércio), há pelo menos 93 mil endereços passíveis de fiscalização na cidade. O total não inclui os condomínios residenciais, que também podem ser multados.

Os números mostram que as duplas demorariam até 116 dias para visitar todos os pontos de comércio da capital. A previsão foi feita com base em carga horária de oito horas, sem intervalo para descanso. O tempo calculado para a realização de cada blitz foi de 30 minutos.

Antes
Nos momentos que anteceram a entrada em vigor da nova lei, muitos clientes já fumavam do lado de fora dos estabelecimentos. "Íamos deixar os clientes aproveitarem as últimas horas no pátio interno, mas preferimos adotar a lei com antecedência para não ter problemas", disse Xavier Leblanc, dono do bistrô La Tartine, em Cerqueira César.

Para ele, o temor maior é o constrangimento que a lei pode causar entre o cliente fumante e o delator. A função de "dedo-duro" é também o que preocupa a gerente de vendas Susana Foldiak, com seu cigarro distante da marquise do restaurante Mestiço, conforme a lei. Para ela, os fumantes ficarão reféns da paranoia. "Vai ser uma caça às bruxas."

Torpedo
O governo fechou acordo com operadoras de celular para que ao menos 25 milhões dos pouco mais de 40 milhões de telefones móveis recebam hoje uma mensagem de texto com o alerta da proibição ao cigarro. Segundo a Secretaria de Comunicação, as operadoras Vivo, TIM, Oi e Claro não vão cobrar pela divulgação.

Pesquisa da Unifesp em parceria com a Sociedade Paulista de Pneumologia divulgada ontem apontou que pouco mais da metade dos paulistanos desconhece a lei antifumo. Dos 1.007 moradores da capital ouvidos, 50,8% responderam negativamente se sabiam que seria proibido fumar em ambientes coletivos fechados.

(Por Vinícius Queiroz Galvão, Tai Nalon e Adriana Ferraz, Folha de S. Paulo, 07/08/2009)


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