Atendendo, em parte, à pressão dos países ricos para que os emergentes se comprometam com metas internacionais de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, o governo brasileiro vai assumir, na reunião de cúpula da ONU sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, em Copenhague, sua intenção de cortar emissões. Em outubro, o Brasil já terá uma estimativa de quanto poderá reduzir até 2020. Mas, na prática, a proposta não obriga o país a seguir rigorosamente o plano, já que é um projeto de intenções.
Na próxima segunda-feira, a delegação brasileira segue para Bonn, na Alemanha, onde haverá nova rodada de negociações para o encontro do fim do ano. Lá, o Brasil vai manter a negativa à proposta de países ricos para que os emergentes assinem um acordo internacional para cortar suas emissões.
— As metas do Plano Clima são internas e não comprometem o Brasil internacionalmente com o seu cumprimento. Mas ao torná-las públicas para todo o mundo, está se tomando um compromisso moral muito forte no debate internacional — defendeu Tasso Azevedo, assessor especial do Ministério do Meio Ambiente para Clima.
O plano brasileiro prevê a diminuição do desmatamento em 70% até 2017, com base na média desmatada entre 1996 e 2005. Com isso, o país deixaria de emitir 4,8 toneladas de CO2. O desmatamento que acontece em todo o planeta é responsável por 10% das emissões totais no mundo. No Brasil, é o principal vilão. Segundo o último inventário oficial, com base em dados de 1994, representava 70% das emissões do país.
(Por Catarina Alencastro, O Globo / IHUnisinos, 07/08/2009)