O procurador da República no Tocantins Álvaro Manzano participa nesta sexta-feira, 7 de agosto, de uma audiência pública no município de Campos Lindos, a 470 quilômetros de Palmas, com o objetivo de discutir o licenciamento ambiental do projeto agrícola Campos Lindos, especialmente em relação aos encaminhamentos para ocupação da área de reserva legal em condomínio. A audiência, que foi designada pelo procurador, será realizada a partir das 8h30, na igreja católica de Campos Lindos.
Foram convidados a participar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), o Instituto de Terras do Tocantins (Itertins), a Associação Planalto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-TO), o Município de Campos Lindos, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Tocantins (Fetaet) e a Comissão Pastoral da Terra em Araguaína.
Disparidades econômicas
Com o projeto agrícola Campos Lindos, o município de mesmo nome tornou-se líder estadual de produção de soja. O empreendimento completou dez anos em 2009 e, de acordo com dados da Produção Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), exportou em 2008 cerca de US$ 78,5 milhões, 26,4% do total exportado pelo Tocantins no mesmo ano. A área plantada de soja no município saltou de 3,6 mil hectares em 1999 para 49 mil hectares em 2007.
Também segundo pesquisa do IBGE, Campos Lindos tem a maior proporção de pobres de todo o país. As lavouras de soja da região já foram palco de trabalho escravo e desalojaram famílias tradicionais. Segundo a ONG Repórter Brasil, 84% da população de Campos Lindos vive na pobreza, e 62,4% dos moradores não ingerem o mínimo de calorias diárias para sobreviver.
Antes da soja, as comunidades locais subsistiam com base no extrativismo, caça e pesca, criação extensiva de gado e na lavouras de arroz, milho, mandioca, feijão, fava, abóbora e frutas. Os excedentes de algodão, arroz e farinha de mandioca eram comercializados e trocados por outros produtos nos mercados de Balsas e Riachão (MA).
(Ascom MPF/TO / Procuradoria Geral da República, 06/08/2009)