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riscos climáticos aumento da temperatura impactos mudança climática
2009-08-07

Se o planeta não reduzir em até 80% a emissão de gás carbônico na atmosfera até 2020, e não até 2050, como está estabelecido, em breve teremos verdadeiras tragédias nunca antes vistas. Grande parte da população mundial corre o risco de desaparecer. A previsão sombria é da diretora e coordenadora da State of the World Forum/Brasil 2020, Emília Queiroga Barros. A conferência mundial Brasil 2020 acontece até a próxima sexta-feira em Belo Horizonte.

No encontro, mais de 150 cientistas e especialistas de várias nacionalidades, divididos em pequenos grupos, discutem os estragos provocados pelo aquecimento global e tentam traçar metas para a redução imediata dos gases que provocam o efeito-estufa. "É como se a Terra estivesse com febre. A pessoa quando tem a temperatura aumentada em 0,5º C, ela já começa a não se sentir bem. Assim é o planeta. Já estamos sentindo todos os efeitos desse aumento da temperatura. No Rio de Janeiro, por exemplo, e em outras cidades do litoral brasileiro, há estudos que indicam um aumento de 0,5 cm do nível do mar. Isso já traz transtornos incalculáveis. Já há cidades desaparecendo", explica Emília.

A diretora e coordenadora da conferência traça, juntamente com o presidente do Earth Policy Institute, Lester Brown, um futuro, no qual, em pouco tempo a escassez de água e de alimentos tornará a sobrevivência insuportável. Brown explica que se a Terra tiver a temperatura aumentada em 1º C (atualmente está aumentada em quase 0,6º C), haverá uma queda de cerca de 10% na produção de alimentos, principalmente grãos. "Os preços de produção dos alimentos vão aumentar muito. Países com grande densidade demográfica sofrerão as consequências de forma catastrófica", diz.

O diretor do Earth Policy Institute explica que, como num ciclo, a produção de combustíveis também agrava a falta de alimentos no planeta, já que as grandes potências e países em desenvolvimentos 'desviam' os estoques de grãos para a produção de combustíveis, como o etanol. No ano passado, segundo Brown, os Estados Unidos destinaram, por exemplo, 100 milhões de toneladas de grãos para a produção de etanol. - Com isso diminui a oferta de alimentos no mundo e a demanda só aumenta - afirma.

O derretimento das grandes camadas de gelo nos polos do planeta e nas grandes cadeias de montanha é apontado por Brown como um dos problemas que deve ser enfrentado imediatamente pelos governos. "Devemos reduzir a emissão de CO2 para os níveis entre 350 e 400 partes por milhão de pessoas. Se não anteciparmos estas metas de redução da emissão de poluentes a previsão é de que geleiras glaciares e polares, estes dois últimos com um degelo mais sério, porque são as geleiras que sustentam o fluxo dos rios nos países asiáticos nas estações secas, como o Ganges e o Amarelo. Num curto prazo teremos mais água que o usual, mas em longo prazo os rios serão intermitentes. A China será afetada primeiramente, um país com 2 bilhões de pessoas - afirma Brown, que reafirma o foco da conferência em BH: "Em dez anos, até 2020, o planeta precisa atingir estes limites", adverte.

Brown ainda faz uma previsão nada animadora. "Se nada for feito e houver as alterações climáticas que imaginamos, não vamos conseguir antecipar as medidas, e se fôssemos capazes de prever, não conseguiríamos fazer o necessário a tempo. As camadas de gelo na Groelândia têm uma 1 milha de espessura. Se essas placas derreterem o nível do mar vai subir 7 m, a maioria das cidades litorâneas desaparecerão", explicou. Com esse fenômeno cada vez mais próximo e certo, a previsão é de que a maior parte da população mundial, que hoje vive em cidades litorâneas, migre para o interior dos países.

(Terra / AmbienteBrasil, 07/08/2009)


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