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passivos do carvão termelétricas a carvão
2009-08-07

Cinco dirigentes sociais contrários à instalação de centrais termoelétricas no norte do Chile denunciaram à justiça que receberam ameaças de morte anônimas para desistirem de sua luta. “Estamos preocupados”, disse à IPS Rosa Rojas, presidente do Movimento de Defesa do Meio Ambiente de La Higuera (Modema), que há dois anos se opõe, junto com pescadores artesanais, a três termoelétricas movidas a carvão projetadas para essa localidade da região chilena de Coquimbo.

Trata-se de Barrancones, da franco-belga Suez Energy, e Cruz Grande, de Abastecimientos CAP. O terceiro projeto, Farellones, da empresa estatal de mineração Codelco, foi retirado em novembro passado do sistema de avaliação de impacto ambiental, decisão recebida como uma vitória parcial pelos ativistas. Como Cruz Grande solicitou em várias ocasiões ampliação do prazo legal para responder às observações de órgãos públicos, os esforços dos habitantes de La Higuera hoje se voltam a frear Barrancones, que está em sua última fase de qualificação ambiental. Este projeto prevê investimento de US$ 1,1 bilhão para produzir 600 megawatts de eletricidade.

Os opositores, entre eles pescadores, agricultores, empresários do turismo e biólogos, afirmam que a geração elétrica a carvão prejudicará irremediavelmente a biodiversidade marinha, a saúde das pessoas e o turismo. A empresa descarta todos esses riscos. A usina termoelétrica seria construída a 21 quilômetros de Punta de Choros, no oceano Pacífico, local que anualmente atrai milhares de turistas por abrigar a maior reserva mundial de pinguins de Humboldt (Spheniscus humboldti). Ali também é possível avistar golfinhos nariz de garrafa (Tursiops truncatus).

Além de Rosa Rojas, as outras vítimas de ameaças telefônicas são Gabriel Molina, presidente da associação de pescadores de Los Choros; Clara Pérez, do Movimento Ecológico Linha Verde; Carlos Vergara, presidente do sindicato de pescadores de Caleta de Hornos, e Jan Van Dyck, agricultor e secretario do Modema. No dia 24 de julho, com diferença aproximada de cinco minutos, todos receberam mensagens de texto ameaçadoras em seus telefones celulares, que se repetiram nos três dias seguintes, inclusive depois de terem denunciado o caso no Ministério Público. “Não se metam com Barancones”, “você está sendo seguido” ou “morte a todos os que estão contra as termoelétricas”, foram algumas das frases recebidas por Rosa.

Diante da gravidade dos fatos, decidiram apresentar queixa penal contra os que forem responsáveis. Efetivos policiais e da marinha de guerra estão em alerta por sua segurança, embora não lhes dê proteção individual. Para onde apontam as suspeitas? “não podemos dizer nada. Só o que sabemos é que a empresa Suez Energy negocia com muitos pescadores e oferece dinheiro a diferentes grupos e, logicamente, isso gera divisões sociais que há muito tempos estamos denunciando”, disse Rosa Rojas.

“Oferecem dinheiro, manipulando as pessoas, então, logicamente em algum momento situações desse tipo podem ocorrer. Não podemos acusar ninguém, mas creio que Suez criou uma ação dissociadora dentro do contexto social de La Higera que pode criar muitos conflitos”, acrescentou rosa. Ouvida pela IPS, Suez Energy não quis dar declarações. O único pronunciamento da empresa foi através de uma carta ao diretor do jornal local El Dia, que foi publicada, na qual Damián Tavalera, gerente do projeto Barrancones, diz: “lamentamos nos vermos injustamente vinculados com certas ameaças e certamente repudiamos que terceiros anônimos, com obscuras intenções, pretendam semear dúvidas ou inquietação em nossa convivência. Nos solidarizamos com os que estão, ou possam se sentir, afetados por tais ameaças. O Ministério Público e os tribunais de justiça são aptos para esclarecer a verdade deste tema e punir qualquer ação que pretenda ameaçar terceiros”.

“Não suspeitamos de ninguém, apenas esperamos que a justiça investigue”, disse à IPS Gabriel Molina, presidente da associação de pescadores de Los Choros, pequena localidade de 60 famílias que além de se dedicar à pesca e ao turismo de observação de cetáceos cultivam azeitona e criam gado caprino. “Estas coisas não podem acontecer em um país livre, democrático, no século XXI”, afirmou o dirigente, que pediu às autoridades proteção para a comunidade de La Higuera que, segundo disse, produz 60% do pescado e molusco da região e 7% do total produzido no país.

As ameaças não desanimaram os dirigentes, que pediram entrevistas com autoridades e parlamentares para informá-las sobre os perigos que, a seu ver, representam as centrais termoelétricas para a região. O carvão é um dos combustíveis fósseis, junto com o petróleo e o gás natural, cuja queima gera grande quantidade de gases que provocam o efeito estufa que se acumulam na atmosfera e intensificam o aquecimento global. Preocupado com o aumento desses gases e pela crescente participação do carvão na matriz energética chilena, o governo prepara uma norma para regular as emissões destas geradoras termoelétricas. O anteprojeto deverá estar pronto no final deste ano.

Antes que o Chile começasse a importar gás natural da Argentina, em meados da década de 90, o carvão representava 25% da matriz energética nacional, proporção que caiu para 17% atualmente. Mas, após a restrição energética causada pela redução no fornecimento argentino a partir de 2004 e pelo aumento do preço do petróleo, o país se voltou novamente ao carvão. Considerando os projetos que começarão a funcionar nos próximos anos, o governo estima que até 2015 esta fonte de energia voltará às proporções da década passada.

(Por Daniela Estrada, IPS / Envolverde, 06/08/2009)


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