Depoimentos para filme vão defender uma Orla do Guaíba livre, pública conforme a Lei vigente e garantida para o uso coletivo dos porto-alegrenses
Na tarde deste sábado (01/08) dezenas de ambientalistas e membros de associações comunitárias participaram da filmagem em defesa da Orla do Guaíba, dirigida pelo jornalista e cineasta Carlos Gerbase. “Sabemos que vai ser uma consulta de valor simbólico muito grande, eu não acho que o nosso plano diretor tenha que ficar para sempre e, creio que, podemos pensar a cidade de uma maneira contemporânea bacana. Se o ‘Sim’ passar, estaremos abrindo a guarda,” disse Gerbase, enfatizando que não se trata de “ecochatos”, mas de pessoas que querem que as regras valham para todos igualmente.
O filme, em breve, será divulgado ampla e gratuitamente e vai apresentar depoimentos de cidadãos que defendem o “Não” por uma Orla do Guaíba livre. A manifestação antecede a realização da Consulta Popular, no dia 23 de agosto, convocada pela Prefeitura Municipal para que os porto-alegrenses respondam “Sim” ou “Não” à pergunta: "Além da atividade comercial já autorizada pela Lei Complementar nº 470, de 02 de janeiro de 2002, devem também ser permitidas edificações destinadas à atividade residencial na área da Orla do Guaíba onde se localiza o antigo Estaleiro Só?".
O Arquiteto e Urbanista, membro da Agapan e Coordenador do Fórum das Entidades da Câmara, Nestor Ibrahim Nadruz, questiona o porquê de a Prefeitura de Porto Alegre insistir na realização da Consulta, se o empreendedor do projeto para a Ponta do Melo já declinou da decisão de construir edificações residenciais.
“Devemos votar pelo ‘Não’ porque a Lei 470 e a Lei Orgânica não preveem construções de edifícios na área, somente obras para atividades comerciais culturais e esportivas, como náutica, restaurantes, parques. Se o ‘Sim’ passar, será aberto o espaço para a construção de espigões em toda a Orla,” explica Nadruz. Para ele, o empreendedor poderia construir em outro lugar, mas escolheu a Orla do Guaíba por causa da vista, o que aumentará o valor dos apartamentos, e privar o porto-alegrense de se aproximar do rio e aproveitar a paisagem natural.
Para a ambientalista Carolina Herrmann, dos Amigos da Terra Brasil, é preciso votar “Não” para que a Orla do Guaíba continue sendo um bem público. “É importante dizermos ‘Não’ para que neste momento de revisão do Plano Diretor, esta seja voltada à coletividade, para uma maior sustentabilidade, onde prevaleçam os interesses dos porto-alegrenses, e não somente os da iniciativa privada,” disse Carolina. Ela acredita que o projeto para a Ponta do Melo vai traduzir a vontade de todos por uma Orla livre, para uso através de praças e parques.
Assim como dezenas de entidades que participaram da filmagem em defesa da Orla do Guaíba, o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS) também disse "Não" à proposta de privatização da área.
(Por Eliege Fante, EcoAgência, 02/08/2009)