Com um pé no governo Lula e outro na administração tucana, partido teme deflagração de racha em 2010. Para dirigente da legenda, lançamento de nome para a Presidência vai registrar a marca do partido; Marina ainda analisa troca de sigla
Uma investida do governador José Serra (PSDB) pesou para a opção do PV pela candidatura própria à Presidência no ano que vem. Com potencial de abalo sobre a campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), a ideia de candidatura da senadora Marina Silva (PT-AC) à sucessão presidencial teve também origem no flerte de tucanos e democratas com o PV. Dividido, com uma cadeira no ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outra no governo Serra, o PV teme a deflagração de um racha. Daí, a opção pela candidatura.
Presidente do PV do Rio e um dos articuladores do acordo pelo qual Marina deixaria o PT para concorrer à Presidência, o vereador Alfredo Sirkis admite que, além do interesse de registrar a marca do partido na disputa, o risco de implosão foi levado em conta. "Uma coisa é administrar divergências por 15 dias [no segundo turno]. Outra é um ano de pancadaria", reconheceu.
Serra -que tem o secretário municipal Eduardo Jorge entre os principais aliados- intensificou a ofensiva sobre o PV neste ano, ao acomodar o partido na Secretaria de Ação Social. Ele insiste para que Fernando Gabeira seja seu candidato ao governo do Rio. Dizendo não ter "tanta certeza de que a candidatura dela seja ruim para Serra", Gabeira se reúne nesta quinta (06/08) com Marina.
Ontem (05), Marina afirmou que está avaliando a proposta do PV, mas que não irá prolongar o período de análise. Em São Paulo, ela criticou ministérios que impuseram dificuldades a ações ambientais durante sua gestão no Meio Ambiente. Ela ressaltou que leva em consideração o fato de nenhum partido ver a questão como estratégica -inclusive o PT.
(Folha de S. Paulo, 06/08/2009)