A senadora Marina Silva (PT-AC) desembarca nesta quinta (06/08) em Rio Branco para conversar com amigos e correligionários sobre o convite que recebeu do Partido Verde (PV) para sair candidata à Presidência da República em 2010 pela legenda. A senadora disse ontem (04) em São Paulo que não deve demorar muito para decidir. "Não vou protelar."
Na chegada à AES Eletropaulo, onde esteve para dar uma palestra sobre "Florestas e Áreas Protegidas no Brasil no Contexto das Mudanças Climáticas", Marina afirmou que o convite do PV veio há cerca de um mês mas que já havia sido sondada no ano passado. Ela interessou-se em "ouvir mais do que falar" porque o partido passa por um momento de "revisão programática". "Estou agora em um processo interno, reservado, de análise, e quero conversar com meus companheiros, a começar pelo Acre", disse ao Valor.
Perguntada por uma jornalista se este seria um momento de ruptura com o PT porque poderia guardar mágoa do partido - legenda à qual pertence há 30 anos - pela forma como saiu do Ministério do Meio Ambiente, em 2008, ela afirmou que "política não se faz com mágoas". Dizendo não ser "uma política profissional", a senadora acrescentou que se ninguém hoje está colocando a questão ambiental como estratégica para o país significa que não apenas o PT mas "todos estão em dívida". À pergunta sobre se ela "se enxergava presidente", ela respondeu: "Sempre me vi como parte de projetos que envolvem sonhos e utopias, mas se eu tivesse feito alguma coisa por estar 'me vendo' , eu nunca teria sido senadora. Eu, a excluída das excluídas?"
Numa palestra recheada de termos psicanalíticos e de simbolismos, a senadora afirmou, a uma plateia majoritariamente de técnicos da companhia de luz, mas também de lideranças da academia, como José Goldemberg e Luiz Gylvan, ambos da Universidade de São Paulo, e do ambientalista Fábio Feldmann, que é possível eleger empresas como representantes de uma nova ordem global que leve em conta o ambiente. Mas as pessoas estão cada vez mais elegendo "valores no lugar de pessoas ou coisas", afirmou. "Precisamos de uma aliança intergeracional e de projetos antecipatórios da sociedade e de mundo".
Pela manhã, a senadora esteve na primeira conferência do 10 Concut "Desenvolvimento, soberania e democracia - perspectivas para a sustentabilidade". Aplaudida em pé pelo auditório a senadora disse estar honrada em participar do encontro, já que foi uma das fundadoras da CUT no Estado do Acre. "Sinto-me feliz e orgulhosa de fazer parte deste processo que ajudei a construir ao lado de Chico Mendes".
Marina afirmou que a questão ambiental é a crise de todas as crises, além de lembrar sobre as questões gerais para o desafio do desenvolvimento sustentável. "Desenvolvimento sustentável é aquele capaz de atender às necessidades do presente e pensa em atender as gerações futuras", definiu.
(Por Marília de Camargo Cesar, Valor Econômico, 06/08/2009)