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emissões de gases-estufa riscos climáticos política ambiental austrália
2009-08-06

Governantes das nações insulares do oceano pacifico, reunidos de quinta (06/08) até sexta-feira (07) na cidade australiana de Cairns, pressionarão as autoridades da Austrália e da Nova Zelândia para que reduzam drasticamente suas emissões de gases causadores do efeito estufa. No Fórum de Nações Insulares do Pacífico os chefes de governo irão pressionar esses dois países para que tomem medidas concretas a fim de conter a mudança climática e não apenas para adaptarem-se às suas consequências. “Para nós, a mudança climática é uma realidade. Sofremos o impacto de intensas ondas como nunca antes”, disse à IPS Pelenise Alofa Pilitati, líder comunitária de Kiribati. “As ondas enormes e a elevação do nível do mar deixarão nosso território debaixo d’água. Não queremos ser refugiados ambientais”, afirmou.

A mudança climática pode criar oito milhões de refugiados das ilhas do Pacífico, além de 75 milhões na região Ásia-Pacífico, nos próximos 40 anos, segundo o informe divulgado pela organização Oxfam Austrália no final de julho. “Para países como Kiribati, tuvalu, Tokelau, Ilhas Marshall, Fiji, Papua Nova-guiné, Vanuatu e Micronésia, a mudança climática não é um fenômeno do futuro, já a estão vivendo”, destaca o documento. A Oxfam investigou a quantidade de pessoas que sofrem inundações e tempestades freqüentes, que perdem suas terras e devem abandonar suas casas, que sofrem maior escassez de água e alimentos e que ficam mais doentes por malária e dengue.

“Primeiro fomos refugiados pro causa das guerras mundiais e depois pela extração de fosfato. A mudança climática não pode nos deslocar novamente”, disse Pilitati, cuja família é originaria da ilha kiribatiana de Banaba. “Se voltarmos a ficar sem lar, perderemos nossa identidade e nossa cultura. É inaceitável”, protesto. Kiribati é formada por 33 atóis onde habitam cerca de 93 mil pessoas. A maior parte de seu território, um dos que corre maior perigo na região, está a menos de quatro metros acima do nível do mar.

“É difícil para os jovens. O sul do oceano Pacífico sempre teve muita emigração por diversas razões, mas as pessoas tinham a esperança de regressar”, afirmou Agrees Marstella Jacks, ex-procuradora-geral de Micronésia. “Agora, enfrentam a possibilidade de não voltarem jamais. Nos converteremos em um povo refugiado e deserdado”, ressaltou. A menos que as nações industrializadas adotem medidas urgentes para conter suas emissões de gás estufa, alguns dos países insulares do Pacífico correm o risco de realmente se tornarem inabitáveis, segundo o informe da Oxfam.

A organização exortou a Austrália, um dos maiores contaminantes do mundo, e a Nova Zelândia a reduzirem suas emissões em 40% até 2020 e em 95% até 2050. Também quer que esses países deem assistência financeira aos Estados insulares para que possam adaptar-se à mudança climática. A Austrália se comprometeu a reduzir suas emissões de gás estufa em 5% até 2020, índice que pode aumentar para 25% se for conseguido um acordo internacional na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática que acontecerá em Copenhague em dezembro.

Por sua experiência em numerosas negociações internacionais de alto nível, Jacks sabe que os países pequenos estão à mercê das intimidações e dos subornos de seus vizinhos maiores. “Acabou-se o tempo de falar. O último estudo do IPCC (Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática) prevê que as nações de territórios mais baixos, como Tuvalu, têm menos de 30 anos para se tornarem inabitáveis”, recordou. “Há consenso quanto a isso estar baseado em dados antigos e relativamente conservadores, daí a enorme urgência para as populações” das ilhas do Pacífico, ressaltou Jacks, especializada em direito marítimo e que luta contra a superexploração dos recursos.

Tuvalu é formado por quatro ilhas de corais e cinco atóis. É o quarto país menor do mundo, com 26 quilômetros quadrados e 12 mil habitantes. Com a maior parte do território a menos de um metro acima do nível do mar e os pontos mais altos a cerca de cinco metros, Tuvalu é extremamente vulnerável a qualquer elevação das águas e à ocorrência de episódios climáticos fortes. Além disso, pode ocorrer uma “onda gigantesca”, capaz de elevar o nível do mar muito mais do que as grandes conhecidas e de submergir toda a nação. “Para nós é intolerável nos convertermos em refugiados ambientais. Nossa massa terrestre diminui pela erosão costeira, desaparecem as ilhotas e minguam os caranguejos, peixes e cocos de que vivem as pessoas”, disse à IPS o reverendo Tafue Lusama, presidente da Rede de Ação Climática de Tuvalu.

A mudança climática “tem consequências sobre nosso modo de vida e nossa economia”, destacou Lusama. “Quase não há água doce potável. A água salgada penetra nas camadas subterrâneas e temos que depender da chuva. Mas este ano a seca durou mais tempo”, acrescentou o reverendo, originário de Nukulaelae, a menor das ilhas de Tuvalu, embora resida em Funafuti, onde fica a capital. Lusama espera que o acordo que surgir da conferência de Copenhague seja coerente e realista. Tuvalu será o primeiro país sem emissões de gás estufa, pois se comprometeu a cobrir toda sua demanda energética com fontes renováveis até 2020.

O estudo da Oxfam relata as medidas de adaptação à mudança climática que estão sendo tomadas pelos moradores das ilhas do Pacífico. Os fijianos, por exemplo, procuram fazer com que suas aldeias sejam menos vulneráveis à mudança climática, realizam testes com variedades de alimentos resistentes ao sal, plantam mangues e grama nativa para deter a erosão costeira. Além disso, procuram evitar a água doce seja contaminada pela salgada e retiram as comunidades da faixa costeira mais vulnerável.

(IPS / CarbonoBrasil, 05/08/2009)


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