A China está disposta a reverter assim que possível o crescimento das emissões de gases do efeito estufa, mas sua prioridade continua sendo tirar dezenas de milhões de pessoas da pobreza, disse na quarta-feira o diplomata chinês encarregado de questões climáticas.
Yu Qingtai afirmou ainda que a China está disposta a rever suas propostas para as metas de emissões dos países ricos, assunto que será discutido na conferência da ONU de dezembro em Copenhague. Mas ele disse que Pequim continua considerando "justa" a ideia de que os países industrializados reduzam suas emissões em pelo menos 40 por cento em relação aos níveis de 1990. "Não há ninguém no mundo que esteja mais ávido do que nós para ver a China atingir seu pico de emissões o mais cedo possível", disse Yu em entrevista coletiva. "Sabemos que tratar da mudança climática é do interesse fundamental do nosso país."
A emissão chinesa de gases do efeito estufa cresce rapidamente, e Pequim não revela quando prevê que elas comecem a diminuir. Em nota divulgada antes da entrevista, o governo disse que o país já registra um aumento de temperaturas superior ao da média global, um aumento do nível dos mares ao longo da sua populosa costa, menos chuvas no árido norte e mais precipitações no úmido sul. Mas Yu disse que a China, maior emissor mundial de gases do efeito estufa na atualidade, tem feito grandes contribuições para o combate ao aquecimento, e precisa de ajuda para avançar no combate à pobreza.
Cerca de 150 milhões de chineses vivem com menos de 2 dólares por dia, o parâmetro da ONU para definir a pobreza, segundo Yu. "Nosso país ainda tem de melhorar as vidas das pessoas e desenvolver a economia ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente", acrescentou. Pequim disse que países ricos devem destinar mais tecnologias e verbas para os países em desenvolvimento, como condição para que a conferência de Copenhague resulte em um novo tratado climático global. A China também defende menos ênfase nas emissões anuais, já que ao longo da história e em termos per capita as emissões de países como China e Índia continuam muito abaixo da média das nações industrializadas.
Yu admitiu que os progressos nas negociações climáticas são lentos, mas manifestou esperança de que os envolvidos compreendam a urgência da questão. "Temos poucos meses até Copenhague. Tento permanecer otimista, porque a natureza do problema é tal que não podemos nos dar ao luxo do fracasso", afirmou.
(Por Emma Graham-Harrison, Reuters Brasil, 05/08/2009)