A possibilidade de Marina da Silva candidatar-se à presidência da República brilha como um facho de luz na escuridão. É o mínimo que se pode dizer ao surgir essa possibilidade. Marina apresentou muitos limites como ministra. Fez concessões excessivas ao governo, inclusive de suas convicções pessoais.
A justificativa que apresentou para apoiar a transposição do São Francisco na audiência pública em Juazeiro da Bahia, raiou o deprimente. Assumir esse constrangimento foi mais forte que negar a proposta e sair do governo. Mais tarde, preterida no comando do desenvolvimento da Amazônia, renunciou. Renúncia tardia, mas, quem sabe, a tempo de injetar um novo horizonte na campanha de 2010.
Marina não seria apenas o desaguadouro dos insatisfeitos com a política predadora do atual governo. Ela traria para o debate político um ângulo que fatalmente estará ausente, se a eleição ficar polarizada entre Serra e Dilma. Marina poderia suscitar o debate sobre as florestas, os rios, as novas energias, as novas tecnologias, os direitos das comunidades tradicionais, o respeito por seus saberes, por seus territórios, enfim, sobre um novo projeto de país.
Se mostrar fôlego eleitoral, colaborará mais ainda com país, retirando-nos desse fatalismo PSDB/PT que estão querendo enclausurar a política brasileira.
(Por Roberto Malvezzi*, Adital, 05/08/2009)
* Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra