A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) garante ter recomendado, em 2007, que os fabricantes de refrigerantes alterassem a fórmula de algumas bebidas, sobretudo as de sabor laranja, como forma de prevenir a contaminação dos produtos pelo benzeno. Autoridades mundiais suspeitam que a substância, comprovadamente cancerígena, se formaria a partir da associação entre dois aditivos químicos usados como conservante e antioxidante. Segundo a associação de defesa do consumidor Pro Teste, sete de 24 refrigerantes submetidos a testes continham benzeno.
A Anvisa diz ter tomado a “precaução” após o surgimento, nos Estados Unidos, em 2005, de “relatos” sobre a possibilidade de baixos níveis de benzeno serem constatados em alguns refrigerantes, provavelmente devido à associação entre o ácido ascórbico e sais de benzoato (e não ácido benzóico, conforme anteriormente informado à reportagem pela associação de defesa dos consumidores Pro Teste e pelo Ministério da Agricultura).
“Ao analisar a questão, o Codex Alimentarius (programa conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação - FAO e da Organização Mundial de Saúde - OMS) entendeu que faltava e ainda falta consistência científica para determinar medidas mais restritivas, não considerando necessário estabelecer limites para o benzeno nessas bebidas”, sustenta nota enviada esta tarde à Agência Brasil. Na condição de signatário do Codex Alimentarius, o Brasil, como outros países, também não estabeleceu limites para o benzeno em refrigerantes.
A Anvisa admite que especialistas continuam discutindo o assunto em todo o mundo, mas cita dados internacionais para minimizar os riscos da ingestão do benzeno em refrigerantes. A agência assegura ainda que a via mais comum de exposição à substância é a respiratória, sobretudo em áreas de tráfego intenso, proximidades de postos de gasolina ou onde haja grande concentração de fumaça de cigarro.
“Segundo a agência que controla alimentos no Reino Unido, uma pessoa precisaria ingerir no mínimo 20 litros por dia de um refrigerante que contivesse 10 microgramas por litro para ser exposto a mesma quantidade de benzeno a que está exposto pela respiração nas cidades todos os dias. Além disso, estima-se que ao consumir 20 cigarros ao dia, a pessoa se exponha a 7.900 microgramas de benzeno. O fumante passivo está exposto a cerca de 50 microgramas dia da substância”, garante a Anvisa.
Assim, a Anvisa diz ter concluído, em consonância com o Codex Alimentarius e sistemas reguladores de outros países, que "não há risco caracterizado neste momento que enseje o estabelecimento de limites para benzeno em refrigerantes, semelhantes ao já estabelecido para a água, conforme solicitados pela Pro Teste. Salientamos, no entanto, a importância de manter a exposição a este tipo de substância no menor nível possível e que os estudos realizados, bem como monitoramentos futuros, são importantes para o dimensionamento do risco, de forma que as melhores opções de gerenciamento do risco sejam adotadas".
(Por Alex Rodrigues, com edição de Lílian Beraldo, Agência Brasil, 04/08/2009)