A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, é a primeira região inteiramente composta por florestas alagadas a receber a instalação de um equipamento de monitoramento via satélite integrado às estratégias de conservação do meio ambiente amazônico: o Sistema Automático de Monitoramento Aquático (Sima), construído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Operando em uma plataforma flutuante no Lago Mamirauá, o Sima foi instalado por iniciativa do Inpe e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, duas das seis organizações que integram a Rede Geoma, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O sistema foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e recebeu apoio da Rede Geoma e recursos da FAPESP (por meio da modalidade Auxílio a Pesquisa – Regular) e da Coordenação de Observação da Terra do Inpe.
O Sima começou a coletar dados que permitirão respostas a diversas questões de pesquisas em andamento, dentre as quais a que estuda o padrão de distribuição espacial da abundância do pirarucu (Arapaima gigas) nos lagos da Reserva Mamirauá. Peixe de alto valor comercial, o pirarucu só pode ser pescado em áreas de manejo e de cativeiro.
Além de atender às pesquisas, o sistema também permitirá comparar informações de Mamirauá – área praticamente sem impactos humanos e com regras de manejo – com aquelas coletadas no Lago Grande de Curuaí. Também situado no Amazonas, o lago está em uma região degradada e que sofre com a ação do homem.
Segundo o MCT, o Sima permite que se separe o sinal das forças naturais sobre o ambiente aquático daquele produzido pelas ações humanas. Assim essa comparação dará respostas úteis sobre esses dois ambientes. O Sima mede diversas variáveis ambientais a partir de sensores colocados acima da linha de água, entre elas direção e intensidade de ventos, radiação solar incidente e refletida e temperatura do ar. Já abaixo da linha d´água, ele mede variáveis como turbidez e pH.
Esses dados são adquiridos em alta frequência e transmitidos, em média a cada hora, por satélites brasileiros, ajudando a entender como as propriedades físico-químicas da água se modificam ao longo do tempo, com que frequência e como são afetadas pelas variáveis climáticas – o que pode ajudar a melhorar as estratégias de manejo dos recursos não apenas na Reserva Mamirauá, mas também em outros locais.
(Agência Fapesp, 05/08/2009)