O coordenador Geral da CAOI (Coordenadora Andina de Organizações Indígenas), Miguel Palacín Quispe, criticou nesta segunda (03/08) as declarações do ministro da Justiça do Peru, Aurelio Pastor, em Genebra. Durante a reunião do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial (CERD), da Organização das Nações Unidas (ONU), Pastor elogiou o governo peruano de Alan García e acusou os indígenas pelo massacre de Bagua.
O ministro "se dedicou a falar da visão do país durante seu governo, do crescimento econômico, das reservas internacionais, das inversões... Um discurso político sem sustento, nem informação técnica, nem acerca de políticas contra a discriminação racial", assinalou Quispe, como apresenta em um comunicado a CAOI. O comunicado assistiu à 75ª Sessão do CERD.
Pastor tratou o governo peruano como vítima do Massacre de Bagua, em 5 de junho. Ele culpou os indígenas e os mestiços como responsáveis da morte de 33 pessoas nessa localidade da Amazônia peruana. Os crimes ocorreram quando a polícia tentava recuperar pela força uma estrada tomada pelos indígenas, contrários aos Tratados de Livre Comércio (TLC) entre Peru e Estados Unidos. "A verdade não foi dita como se deveria. Na morte dessas pessoas, 23 dos quais eram policiais, intervieram indígenas e mestiços e outras pessoas, alimentados por grupos extremistas", sustentou Pastor, como mostrou a Agência France-Presse.
De acordo com a CAOI, todas as perguntas formuladas pelos especialistas do CERD "ficaram sem respostas". "Disse que a imagem do Peru havia caído no mais baixo quando se difundiu as notícias de que houve um genocídio, repetindo a nunca provada acusação de intervenção forasteira", mostrou o documento da CAOI.
Segundo a entidade indígena, "um funcionário do Ministério de Energia e Minas" "caiu em sérias contradições", ao dizer que o ministério realiza consultas de acordo com o Convênio 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Em seguida, ele aceitara que recentemente será debatido um projeto de lei sobre esse tema, a partir de uma proposta apresentada pela Defensoria do Povo. Para Quispe, os funcionários do governo peruano pareciam estar em uma reunião partidária. "Nada de informação concreta, uma torpe apresentação, uma decepção. Os assistentes a criticaram muito, inclusive os jornais locais", comentou.
Nesta terça (4), as deliberações do Comitê contra a Discriminação Racial da ONU continuaram abordando outros aspectos dos problemas vinculados à discriminação racial. O comitê foi composto por 17 especialistas. O grupo examina os países que ratificaram a Convenção Internacional contra a Discriminação Racial. No próximo dia 28 de agosto, o comitê emitirá recomendações ao Peru, que deverá cumpri-las obrigatoriamente.
(Adital, 04/08/2009)