Médicos particulares poderão receitar a pacientes fora do grupo de risco e sem confirmação de infecção
O protocolo criado pelo Ministério da Saúde para conter a pandemia da gripe A receberá nos próximos dias um adendo. Conforme o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Gerson Penna, os médicos particulares poderão receitar o Tamiflu também a pacientes fora do grupo de risco e sem confirmação de infecção, como fez recentemente o Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, gerando polêmica no Rio Grande do Sul.
Penna frisou ao jornal folha de São Paulo que qualquer indicação diferente das recomendadas fica na inteira responsabilidade do médico que irá prescrever o medicamento e da autoridade sanitária local. O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argolo Mendes, considera a notícia um avanço.
— Em primeiro lugar, ela demonstra bom senso na medida em que devolve ao médico a sua autonomia, que eu entendo que nunca deveria ter sido retirada. E em segundo lugar, torna o tratamento muito mais ágil, porque o médico, no seu consultório, pode imediatamente providenciar medidas adequadas, assumir a responsabilidade pelo seu paciente. A recomendação do uso do Tamiflu é nas primeiras 48 horas, e os médicos estão bem informados do que está acontecendo — afirmou Argolo Mendes.
O presidente da Sociedade Gaúcha de Infectologia, Luciano Goldani, vê a possível medida com cautela por temer o uso indiscriminado do medicamento:
— A importância de que os mesmos critérios utilizados na rede pública sejam também utilizados por estes médicos na área privada, e que eles sejam também monitorados com eficácia sobre os procedimentos de protocolos vigentes em função da falta de medicação que estaria para toda uma população que estivesse afetada por um quadro por resfriados e que se incluíssem na influenza.
Como o Tamiflu não está disponível no Brasil, a produção da Roche para os próximos meses foi toda comprada pelo governo federal. As farmácias do Uruguai continuam vendendo o remédio sem restrições a brasileiros que cruzam a fronteira. O correspondente de Zero Hora em Livramento, Ronan Danemberg, comprova. Hoje, o Hospital Nossa Senhora das Graças abriu 10 leitos para o tratamento de infectados, em Canoas. No Interior, o Hospital de Caridade e Beneficiência de Cachoeira do Sul limitou as visitas a pacientes para evitar possível contágio.
(Por Fernando Zanuzo, Zero Hora, 04/08/2009)