Vimos através desta, alertar a sociedade em geral e o governo brasileiro que nos últimos dias tem se intensificado as ameaças de morte contra lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Tucuruí, estado do Pará. Essas ameaças têm vindo de setores ligados aos grandes interesses econômicos da região, principalmente os da grilagem de terras, do agronegócio, da indústria do carvão e da indústria madeireira, que em sua maioria, desenvolvem atividades ilegais, causando a destruição da Amazônia.
Esses grupos econômicos historicamente vêm desenvolvendo suas atividades na região, utilizando de corrupção, ameaças aos camponeses, apropriação de terras na base da violência e até mesmo a morte de lideranças que se opõe a esse modelo de desenvolvimento. Eles intensificaram sua atuação a partir da construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, na década de 80, que até hoje tem negado os passivos decorrentes da sua instalação.
As denúncias de violação dos direitos humanos vêm sendo feitas há anos, tanto por parte dos atingidos como também por organizações internacionais e pelo governo brasileiro, através da Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, que esteve no local em 2007 e comprovou as denúncias realizadas pelas famílias atingidas pela barragem. Além disso, o conjunto dos movimentos sociais tem intensificado nesses últimos anos a defesa dos recursos naturais, bem como resistindo e exigindo os direitos negados pelos grandes projetos que vem assolando a população.
Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra de Tucuruí, nos três últimos anos (2006-2009) 14 lideranças rurais foram assassinadas nessa região em decorrência da luta pela terra e denúncia de extração ilegal de madeiras. O último caso foi o assassinato do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tucuruí, Raimundo Nonato, em abril desse ano. Até agora nada foi feito para prender os mandantes desse crime.
As ameaças de morte que as lideranças estão sofrendo foram registradas recentemente na delegacia de polícia de Tucuruí. As lideranças ameaçadas são: Roquevan Alves Silva e Dilma Ferreira da Silva, e de forma indireta, outras lideranças também tem sofrido constantes ameaças. Enquanto isso, a justiça tem fechado os olhos para essa realidade, ocasionando um clima muito tenso na região.
Diante disso, nos sentimos preocupados e queremos exigir dos órgãos competentes uma intervenção rápida nessa situação, buscando evitar mais crimes e garantindo a integridade das lideranças que vem fazendo a defesa dos direitos das famílias camponesas contra a ação ilegal de grandes grupos econômicos, interessados tão somente na exploração dos recursos naturais, na destruição da floresta amazônica e na apropriação indevida da terra e dos recursos naturais.
Por fim, acreditamos que os órgãos competentes possam investigar esses crimes e exigimos para que se tome uma postura radical e séria perante essa situação, do contrário, estaremos sendo mais uma vez coniventes com essa triste realidade criminosa no campo paraense.
Atenciosamente,
Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
(MST, 31/07/2009)