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braskem odebrecht petroquímica
2009-08-04

Centenas de cruzes fincadas no canteiro central da BR 386 (Rodovia Tabaí/Canoas) mostraram a indignação dos trabalhadores petroquímicos contra as mais de 400 demissões que já foram realizadas pela Braskem desde a incorporação da Copesul e Ipiranga Petroquímica, em 2007. A essas demissões, se somam outras que serão realizadas durante agosto na Petroquímica Triunfo, recentemente incorporada pela Braskem, que, por sua vez, é controlada pela Odebrecht. As cruzes foram colocadas no local durante uma manifestação realizada pela categoria na manhã do dia 23 de julho. Esse ato foi mais um dos vários realizados pelos trabalhadores desde que iniciaram, em 2005, as tratativas de troca de ativos da Petrobras e Braskem envolvendo o Pólo gaúcho.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Petroquímicas de Triunfo/RS (Sindipolo), Carlos Eitor Machado Rodrigues, a manifestação teve o objetivo de chamar a atenção da sociedade para as demissões sistemáticas promovidas pela Braskem no Pólo e pressionar o governo federal a agir para que não sejam feitas mais demissões. “Essa empresa foi altamente beneficiada pelo governo, via Petrobras, ficando com 75% da petroquímica brasileira. Por isso o governo também deve ser responsabilizado pelas demissões que vêm ocorrendo”, diz o sindicalista.

A ação da Braskem no Rio Grande do Sul é a mesma que foi adotada pela empresa quando assumiu o Pólo de Camaçari, na Bahia. Lá, a empresa demitiu cerca de dois mil trabalhadores e vem atacando diversos direitos dos trabalhadores.

Gestão perversa
“As demissões são só uma das faces dos graves problemas que chegam junto com a gestão Braskem”, diz Rodrigues, reforçando que essa é a marca da gestão da empreiteira Odebrecht. Segundo ele, a categoria também está indignada com os sucessivos ataques dessa empresa a direitos consolidados e a precarização da segurança e do trabalho em geral nas plantas.

“Ela não consegue ver que está colocando em risco a vida dos trabalhadores, das próprias plantas e até as comunidades circunvizinhas. As pessoas estão trabalhando no seu limite. Falta pessoal para atender emergências operacionais ou ambientais”. Entre os demitidos, estão muitos trabalhadores que atuavam nesses setores.

Entre os ataques a direitos, Rodrigues destaca o anúncio já feito pela Braskem de liquidação do patrocínio ao Plano Petros de Previdência Complementar da antiga Copesul. “Os trabalhadores estão há 20, 30 anos pagando um Plano de Previdência e agora, como já fez na Bahia, quer unilateralmente acabar com o Plano”. Nesse sentido, Rodrigues informa que já existem diversas ações na Justiça, tanto de grupos de trabalhadores como do próprio sindicato, tentando garantir que a empresa não possa retirar a sua parte do patrocínio.

Recentemente, o sindicato também teve que entrar na Justiça para garantir o cumprimento de cláusulas do acordo coletivo, que está em plena vigência. Pela Braskem, diz o sindicalista, o acordo seria rasgado. “Foi preciso que a Justiça determinasse o cumprimento do acordo para que os trabalhadores tivessem seus direitos garantidos”, lembra. Também há resistências da Braskem em pagar horas extras, excessos de casos de assédio moral, alterações na assistência médica, entre outras questões.

Omissão do governo
Os trabalhadores também responsabilizam o governo federal pelas demissões. “A ministra Dilma Rousseff, além de Chefe da Casa Civil, também é presidente do Conselho de Administração da Petrobras, que é dona de 30% da Braskem, e entendemos que o governo tem obrigação de evitar as demissões. Mas o que vimos até agora é a conivência com as atitudes da Braskem”, acusa Rodrigues.

Ele lembra que a ministra esteve no Rio Grande do Sul, quando a Braskem lançou a pedra fundamental da planta de “eteno verde”, atendendo a um convite da empresa, mas nunca recebeu os trabalhadores, apesar dos insistentes pedidos de audiência. “Isso mostra o descaso do governo com os trabalhadores e, até prova em contrário, o seu aval para essas demissões”, criticou o sindicalista.

Mentiras deslavadas
Quando foi anunciada a compra do Grupo Ipiranga, quando a Braskem ficou com o controle da Copesul e da Ipiranga Petroquímica, os presidentes da Braskem, à época José Carlos Grubisich, e da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, garantiram na imprensa e, mais tarde, em diversas audiências públicas na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul e na Câmara Federal e no Senado, que não ocorreriam demissões. Seriam feitos investimentos da ordem de bilhões e haveria geração de novos empregos. “Uma mentira deslavada, que está gravada no legislativo estadual e no Congresso. Até agora, o único anúncio foi da planta de ‘eteno verde’, que será construída com recursos públicos e cujos empregos serão temporários, uma vez que se darão somente durante a obra”, critica Rodrigues.

Os petroquímicos pretendem levar a situação das demissões no Pólo aos poderes legislativo estadual e nacional em novas audiências públicas. Também irão denunciar à sociedade, através da imprensa e outros mecanismos, as demissões e a situação dos trabalhadores do Pólo. Além disso, estão articulando para que a compra da Copesul e Ipiranga e, mais recentemente, da Petroquímica Triunfo pela Braskem sejam tratadas dentro da CPI da Petrobras.

“Já que o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] entendeu que 75% de um setor nas mãos de uma única empresa não é concentração, queremos saber se os benefícios que foram dados pela Petrobras ao Grupo Odebrecht não configuram privilégios”, diz o presidente do Sindicato.

(Por Nara Roxo, Brasil de Fato, 31/07/2009)


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