Ex-ministra do Meio Ambiente ainda analisa proposta, mas diz ter grande apreço pela legenda
Decidido a sair da sombra em 2010, o PV está de olho na senadora Marina Silva (PT-AC) para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A direção nacional procurou a ex-ministra do Meio Ambiente esta semana e fez o convite para que ela deixe o PT. A decisão de ter candidato próprio já havia sido tomada no início de julho, após uma reunião da Executiva Nacional. Na última quarta-feira, o presidente nacional do partido, José Luiz Penna (SP), e outros dirigentes passaram nada menos do que quatro horas reunidos com a ex-ministra, em Brasília, para formalizar o convite.
Marina ainda não deu uma resposta. Mas confirmou, por meio de assessores, que "tem grande apreço pelos líderes do PV" e está de fato avaliando a proposta. Ela ressalta, porém, que a conversa de quarta-feira foi apenas preliminar. Na reunião com a direção do PV, Marina ouviu dos "verdes" que sua biografia se encaixaria perfeitamente nos planos do partido de lançar um nome próprio para o Planalto. De quebra, o fato de se tratar de uma figura com projeção nacional ajudaria a sigla a se fortalecer na eleição para o Legislativo.
"O PV deseja ter candidato próprio em 2010. Procuramos alguém que tenha identidade com a luta ambiental. A Marina é uma das pessoas mais importantes do País nessa área", afirma Penna. Caso Marina não aceite o convite, a opção do partido é lançar Micarla de Souza, prefeita de Natal, ao Planalto.
Se não sair candidata à Presidência em 2010, Marina deverá disputar um novo mandato de senadora pelo PT. Ex-seringueira ligada ao movimento ambiental na Amazônia, ela deixou em maio de 2008 o Ministério do Meio Ambiente, que comandava desde o primeiro dia de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua carta de demissão, ela alegou a dificuldade de cumprir a agenda ambiental, diante da resistência de outros setores do governo.
Boa parte do desgaste teria resultado das queixas sobre a demora na concessão de licenças ambientais para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Sempre fui chamada de ministra dos bagres", disse Marina, após deixar o cargo, em uma referência à polêmica sobre as espécies ameaçadas pela construção de usinas no Rio Madeira.
Se aceitar concorrer, Marina tem chances de compor uma chapa com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), também cotado para disputar o governo do Rio. O parlamentar, entretanto, diz ter fixado prazo até outubro para decidir seu futuro. Mas Marina, diz ele, teria seu apoio para disputar o Planalto. "Seria, sem dúvida, um grande nome. Vamos ver como essa conversa evolui", diz.
(Por Clarissa Oliveira e Pedro Venceslau, O Estado de S. Paulo, 01/08/2009)