Vistoria realizada por uma comissão do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMV-GO) no Zoológico de Goiânia (GO) aponta a falta de investimentos do poder público para a manutenção do local. Parecer apresentando na tarde de quinta (30/07) pelo presidente da entidade, Wanderson Portugal Lemos, mostra a necessidade de as instalações do zoo passarem por recuperação e adequações, além de apontar que o número de tratadores de animais é insuficiente e que o quadro de pessoal necessita de treinamento específico na área.
A falta de investimento por parte do poder público na manutenção e modernização do Zoológico já havia sido apontada em relatório feito pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) em maio deste ano. O presidente do CRMV-GO concorda com o parecer, mas observa que ainda são necessárias outras análises para saber o quanto isso teria comprometido na saúde dos animais. Para ele, é mais importante investir no parque atual do que pensar em projetos futuros.
Wanderson ressalta que o CRMV-GO realizou, há dois meses, vistoria específica para apurar denúncia de maus-tratos na área de quarentena, quando foi detectada a necessidade de melhorias no recinto. Na visita da última quarta (29/07), a comissão avaliou todos os setores do estabelecimento, com aspectos referentes às instalações, condições sanitárias, nutricionais, de estresse e manejo de pessoal.
Outro problema que preocupou a entidade é o número elevado de pombos e urubus. Estas aves, segundo Wanderson, competem com os animais do Zoológico pela alimentação, o que pode gerar estresse nos bichos e a transmissão de doenças. Apesar de ser um dos pontos mais críticos apontados pela comissão, resolver esse problema depende de discussões com a direção do parque, Ibama e MP, principalmente no que diz respeito aos urubus. O presidente do CRMV-GO observa que esse tipo de ave é silvestre e, por isso, protegida por lei.
Durante a vistoria, o CRMV-GO detectou também que o número de tratadores do Zoológico é insuficiente, sendo que alguns dos atuais profissionais não são treinados e estão desmotivados. Dos técnicos de nível superior, somente dois zootecnistas e um médico veterinário trabalham no local há mais tempo, o restante (três veterinários e dois zootecnistas), são recém-contratados. A recomendação é para que estes profissionais tenham treinamento específico na área, assim como para que seja realizada interação com outros Zoológicos do País.
Transferência
O presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Clarismino Pereira Júnior, diz que o município está atendendo todas as recomendações feitas pelo MP e vai atender todas as feitas pelo Conselho. Apesar disso, ele observa que a solução definitiva para a situação só virá com a transferência do Zoológico, o que deve ocorrer até o final de 2012. Clarismino observa que, mesmo com a mudança, as ações realizadas agora no estabelecimento serão aproveitadas. Ele salienta que buscará, com a Sociedade Brasileira de Zoológicos (SBZ), mais sugestões para melhorar o parque de Goiânia.
Outra preocupação apresentada pelo CRMV-GO é a contenção do plantel para a realização de exames clínicos e coleta de material para exames complementares. Desde o último dia 21, o Zoológico está fechado para a visitação pública para que esses procedimentos sejam realizados. A determinação partiu do Ibama após o registro de seguidas mortes de animais – a diretoria do zoo divulgou um número de 49 mortes desde o início do ano.
O presidente do CRMV-GO diz que esses procedimentos oferecem riscos aos animais e geram estresse com consequências imediatas e tardias à saúde do plantel.
(Hoje / ANDA, 31/07/2009)