Ao encontrar um tamanduá-mirim morto, com um grande corte na cabeça, dentro de sua propriedade rural, em Sentinela do Sul, no sul do Estado, a empresária Ivana Cardoso Bueno, 38 anos, sentiu que precisava fazer algo para proteger os animais da região. Chocada com a crueldade, a moradora de Porto Alegre escreveu um e-mail para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pedindo que investigasse a caça irregular na área. A solicitação foi feita em 24 de junho. Para a indignação de Ivana, passados quase 40 dias, ela não obteve resposta.
– A gente fica frustrada, porque, enquanto isso, continuam as matanças. Todo mundo sabe que existem caçadores na região. Eles andam com cachorros e armas de fogo, dando tiros em propriedades alheias, matando animais por pura crueldade – afirma, destacando que o animal encontrado também estava sem uma das unhas.
Segundo o gabinete da Superintendência do Ibama no Estado, a demora na resposta está longe de ser indiferença. Em média, o órgão recebe, diariamente, 600 mensagens como a de Ivana, o que exige tempo para a apuração dos casos. Todas as informações são repassadas à Linha Verde do Ibama, que só costuma responder ao usuário depois de obter algum retorno de órgãos situados no município onde ocorreu o caso. O procedimento demora em torno de um mês.
Órgão aguarda retorno da BM para dar resposta a moradora
Com relação à morte do tamanduá- mirim, o e-mail foi encaminhado pela Linha Verde do Ibama à 2ª Companhia (2ª CIA) do 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar em 26 de junho, por meio do ofício 683/2009.
– Ainda não obtivemos retorno, porque eles precisam investigar. Essa denúncia foi encaminhada num ofício com nove ocorrências no total. Quando tivermos o retorno, vamos responder – diz a coordenadora da Linha Verde da Superintendência do Ibama no Estado, Denise Mazzocco.
Mas tudo indica que Ivana terá de esperar ainda mais. Embora não lembre do caso específico, o capitão Rodrigo Gonçalves, comandante da 2ª CIA, afirma que Sentinela do Sul não faz parte da sua área de atuação:
– Eles mandaram errado, não é da nossa área.
Denise diz que aguarda a comunicação via ofício da Brigada Militar:
– O Ibama não manda errado, a gente manda para a fiscalização. Se houver qualquer coisa, ele tem de mandar o ofício avisando, aí o Ibama encaminhará.
(Zero Hora, 02/08/2009)