Grupo britânico abandona nos EUA projeto de produção de biodiesel feito de pinhão manso
A gigante do petróleo britânica BP abandonou seu projeto de produção de biodiesel de pinhão manso nos Estados Unidos para se concentrar na produção de etanol de primeira e segunda geração. A decisão pode aumentar a importância da BP Biofuels Brasil, braço de biocombustíveis da BP no País, na estratégia da multinacional, em função da posição privilegiada do Brasil como principal produtor mundial de cana.
Recentemente, a BP Biofuels Brasil anunciou que vai investir US$ 1 bilhão em usinas de açúcar e álcool em Goiás. O grupo já possui 50% do controle de uma usina, a Tropical Bioenergia, localizada na cidade de Edeia, em Goiás. O presidente da BP Biofuels Brasil, Mario Lindenhayn, afirma que investir em biocombustíveis é estratégico para a BP, e o Brasil é o país com a maior capacidade de crescimento dessa produção. "Nossa estratégia relacionada ao etanol no Brasil segue inalterada", ressalta.
A BP vendeu sua participação de 50% na americana D1 Oils, uma joint venture firmada em 2007 para a produção de biodiesel de pinhão manso. A parte da BP na joint será adquirida pela própria D1, que dará sequência ao projeto até que as condições de mercado permitam um novo aporte de capital, de acordo com a empresa. A decisão da BP de se concentrar no etanol e abandonar o biodiesel foi estratégica. A empresa decidiu focar seus investimentos em três eixos estratégicos: na produção de etanol de cana-de-açúcar no Brasil; no etanol de celulose de segunda geração, feito com gramíneas, nos Estados Unidos; e na molécula de biocombustível avançado biobutanol.
O vice-presidente de tecnologia do departamento de biociência da BP, Paul Willems afirmou, em entrevista à uma revista técnica dos EUA, que o etanol tem mais potencial para afastar o mundo dos combustíveis fósseis. Segundo ele, o biodiesel é mais problemático e ainda não há soluções completamente viáveis para sua produção, já que necessita de muita área plantada com oleaginosas e "isto é difícil de se justificar".
(Por Eduardo Magossi, O Estado de S. Paulo, 31/07/2009)