As zonas de pesca do planeta estão em perigo, mas podem ser salvas se as autoridades agirem para regular a pesca comercial, afirma um amplo estudo publicado nesta quinta (30/07) nos Estados Unidos.
Segundo esta pesquisa divulgada na revista Science em um número especial dedicado à ecologia, 63% das reservas estimadas de peixes no mundo precisam ser reconstituídas para evitar o desaparecimento de espécies vulneráveis. "Em todas as regiões continuamos constatando uma tendência preocupante em relação a uma redução crescente das espécies", afirma o principal autor do estudo, Boris Worm, da Universidade de Dalhousie (Canadá).
"Mas este estudo mostra que nossos oceanos não são uma causa perdida", acrescenta. A metade das 10 zonas de pesca estudadas conseguiram diminuir a taxa de exploração (a proporção de peixes pescados), principal causa da escassez ou desaparecimento dos peixes.
"Isso quer dizer que a gestão dessas zonas abre caminho para um restabelecimento ecológico e econômico", explicou Boris Worm. "É apenas um início, mas isso me dá a esperança de que temos capacidade para controlar a pesca excessiva".
Worm enfatizou, no entanto, que a análise mais vasta feita até agora se centrou principalmente nas zonas de pesca dos países desenvolvidos, onde são coletados dados sobre a quantidade de peixes. Isso significa que o risco de redução das reservas pode ser maior nas outras zonas.
Apesar de tudo, o estudo revela que algumas estratégias permitiram proteger e restabelecer as reservas de peixes. Por exemplo, no Quênia, o uso de redes que permitem aos peixes pequenos escapar e o fechamento de algumas zonas à pesca ajudaram a a aumentar o tamanho e a quantidade de peixes disponíveis e incrementar os rendimentos da pesca.
Em várias zonas, no entanto, a taxa de pesca deverá ser reduzida pela metade para preservar as reservas de peixes. Em outro estudo, pesquisadores espanhois e britânicos descobriram que a restauração ecológica em terra pode reverter alguns efeitos - não todos - das degradações causadas pelo homem.
Eles analisaram 89 balanços de tentativas de restauração em uma grande variedade de ecossistemas do mundo. Descobriram que a biodiversidade melhorou 44% em média, enquanto que os elementos úteis para o ecossistema, como a água, o solo ou o armazenamento de carbono aumentaram 25%.
"No entanto, os valores de ambos se mantiveram inferiores (14 e 20%, respectivamente) nas zonas restauradas em relação aos ecossistemas intactos de referência", indicou José Rey Benayas, da Universidade de Alcalá (Espanha), principal autor do estudo.
(Correio Braziliense, 30/07/2009)