O número de animais mortos neste ano no Parque Zoológico de Goiânia chega a 49, o equivalente a 7,65% do plantel que havia no parque em janeiro. O anúncio foi feito no final da tarde de quarta-feira (29/07), pelo diretor do estabelecimento, Raphael Cupertino. Até então, a administração do parque falava em nove mortes. Cupertino explicou que o número menor era só dos animais de grande porte. Além deles, morreram desde janeiro 16 aves, 16 répteis e oito mamíferos de pequeno porte.
Mais preocupante do que o número total de mortos é, segundo admite Cupertino, o percentual de óbitos no total do plantel, que em janeiro era de 640 animais. Atualmente são 621, graças ao nascimento de 30 filhotes. “Está acima do considerado normal pela Sociedade dos Zoológicos do Brasil (SZB), que é entre 5% e 6% do plantel do estabelecimento”, disse o diretor do zoológico.
Ele acrescenta que o índice está elevado devido, principalmente, à idade avançada da maioria dos animais. Mais de 60% do plantel tem mais de 15 anos de vida. “O plantel é, em sua maioria, composto de animais mais velhos. Vai chegar uma hora que as doenças, os problemas começam a se manifestar”, disse.
A coordenadora de fauna do Ibama em Goiás (Ibama-GO), Cristiane Borges Miguel, não foi localizada no final da tarde, para comentar o elevado número de mortes. Após um acordo com o Ibama, a administração do zoológico fechou o parque para visitação no dia 21 de julho, quando fora divulgado apenas sete mortes.
A decisão de fechar o parque foi tomada para que os animais passassem por exames veterinários. De acordo com Cupertino, já foram avaliados 47 animais, todos de pequeno porte. Ele afirmou que o quadro clínico deles só será revelado ao público após a conclusão dos laudos de todo o plantel. Mas a reportagem apurou que os veterinários já encontraram uma suçuarana com insuficiência renal.
O diretor do zoológico disse que já começaram também as obras e aquisições de material requisitados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pelo Ibama para corrigir problemas estruturais do local. Entretanto, Cupertino não fala que a morte dos animais possa ter a ver com a falta de investimento por parte da prefeitura no zoológico, problema apontando em laudo técnico do MPE feito em junho. Por causa dos exames e das reformas, o fechamento do parque deve demorar mais do que os 45 dias inicialmente previstos.
Na manhã de quarta (29/07), uma comissão do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) esteve no zoológico para acompanhar o trabalho de fiscalização do Ibama, a pedido do Ministério Público. O presidente da entidade, Waldemar Portugual Lemos, disse que só poderia se manifestar sobre a visita amanhã, após reunião da comissão. Em maio, técnicos do CRMV estiveram no parque e, segundo o próprio Cupertino, constataram problemas na estrutura do local, principalmente na área identificada como Setor Extra, destinada para triagem e período de quarentena de animais recém-chegados e doentes.
Laudo do MPE apontou os mesmos problemas, indicando que estes seriam os mais graves inclusive e ocorreram devido à falta de investimentos na manutenção do parque. Ainda segundo o laudo, a falta de estrutura verificada no parque compromete a saúde dos animais. Nos próximos dias, o Ibama deve divulgar um relatório feito com base no plantel do ano passado do zoológico. Além disso, outro relatório está sendo elaborado, mas só deve ficar pronto após os exames veterinários nos animais.
(Terra / ANDA, 30/07/2009)