Depois de quase dois meses de seu ocorrido, a chacina de Bagua, que deixou cerca de 50 pessoas mortas, entre indígenas e policiais, segue sem esclarecimentos, segundo avalia o comunicado emitido quarta (28/07) por várias organizações sociais do Peru. "Entendemos que o Governo do Peru não tomou medidas suficientes para o esclarecimento imparcial dos fatos, o ressarcimento às vítimas e o estabelecimento de um diálogo genuíno, transparente e sincero", afirmam.
Lembram, também, que mesmo com as recomendações da Relatoria Especial das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais dos Indígenas, e da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), nenhuma providência foi tomada por parte do governo sobre uma investigação profunda e verdadeira. "Pedimos ao Governo do Peru para cumprir as recomendações dos organismos de direitos humanos e formar de imediato a comissão com uma composição que garanta a completa objetividade e imparcialidade no esclarecimento dos feitos. Recomendamos que se inclua na comissão representantes de organismos internacionais de direitos humanos com experiência relevante e representantes dos povos indígenas".
Acrescentam que as últimas causas do conflito no Peru encontram-se na defesa dos direitos sobre o território e os recursos naturais dos povos indígenas reconhecidos no direito internacional frente às políticas do executivo peruano para a entrega às multinacionais extrativas dos ditos territórios. Os conflitos na região de Bagua ocorreram durante as mobilizações das comunidades ancestrais que exigiam a derrogação de decretos do Tratado de Livre Comércio que violavam os direitos dos povos.
(Adital, 29/07/2009)