Diante de 21 casos considerados suspeitos de influenza A (H1N1) – gripe suína – e duas mortes confirmadas para a doença, a população da cidade de São Borja (RS) cobra mais informação e menos acobertamento da situação.
Clotil Cussler, 37 anos de idade, auxiliar de depósito, acredita que as autoridades locais não divulgam os casos porque não querem alarmar as pessoas. “Mas se não assustar, o pessoal não leva a sério”, defende.
Ele reclamou ainda da falta de fiscalização sanitária para viajantes que entram na cidade por meio do posto de fronteira com a Argentina. Lá, apenas os veículos de transporte coletivo passam por fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - quem está em carros de passeio tem acesso irrestrito ao municípios e aos demais da região. “Se é perigoso, tinham que decretar um tempo sem ninguém ir e vir. O pessoal daqui também vai bastante [para a Argentina]”, disse.
Roque Luis Hoffman, mecânico de 49 anos, que mora em São Borja há quase 20 anos, afirmou estar preocupado com a situação. “A gente tem que se cuidar muito porque [o vírus] pega a pessoa com baixa imunidade e liquida com ela”. Ele destacou que, após os casos detectados no município, não frequenta locais muito cheios e prefere ficar em casa. “Até quando venho ao hospital, uso máscara”, disse.
Ele também criticou a ausência de fiscalização sanitária na fronteira. Hoffman vai à Argentina várias vezes ao mês para comprar combustível e não é parado para receber orientações ou prestar esclarecimentos sobre sua saúde.
Para o militar Alex Souza, de 23 anos, a preocupação é ainda maior porque a namorada trabalha como enfermeira no Hospital Ivan Goulart – local que recebe todos os casos considerados suspeitos de gripe suína na cidade. “Ela está lá o tempo todo, em contato com a doença”, lembrou.
“O pessoal não está dando a devida atenção que teria que dar para essa doença. Tivemos uma palestra com a Anvisa no quartel e eles disseram: 'pegou a doença, a única atitude a ser tomada é repouso em casa e, com uma semana de descanso, você vai estar reabilitado'. Acho que essa informação não condiz com a real situação na cidade”, afirmou.
(Por Paula Laboissière, Edição de Fernando Fraga, Agência Brasil, 26/07/2009)