As emissões de gases do efeito estufa das três maiores empresas elétricas chinesas em 2008 superaram as emissões totais do Reino Unido, disse a entidade ambientalista Greenpeace em um relatório, na terça-feira (28/07), que propôs um imposto sobre o carvão. O carvão, combustível altamente poluente, gera bem mais de dois terços da eletricidade chinesa, e a enorme demanda energética dos últimos anos teve enorme impacto sobre as "pegadas" de carbono do gigante asiático.
Somadas, as dez maiores geradoras de energia da China queimaram no ano passado 600 milhões de toneladas de carvão, um combustível barato e abundante no país. De acordo com o relatório, essas empresas emitiram o equivalente a 1,44 bilhão de toneladas de dióxido de carbono" (CO2), disse o relatório. As três maiores empresas em termos de capacidade instalada de geração - China Huaneng Group, China Datang Corp e China Guodian Corp - foram responsáveis por mais de metade dessas emissões, ou 769 milhões de toneladas, de acordo com o relatório.
O cálculo do Greenpeace se baseou nos dados de consumo de combustível e nas cifras do governo sobre a quantidade de dióxido de carbono emitida nas usinas termoelétricas da China. Para termos de comparação, a estimativa total das emissões de carbono no Reino Unido - cuja capacidade geradora mal chega a 10 por cento da chinesa - é de 623,8 milhões de toneladas.
Para manter seu crescimento sem comprometer sua segurança energética, a China não deve abandonar o carvão em curto prazo. O país é na atualidade o maior emissor mundial de gases do efeito estufa, mas, em termos per capita e numa perspectiva histórica mais ampla, os chineses ainda estão muito aquém das nações ocidentais, que têm populações menores e um crescimento industrial iniciado décadas antes. Mesmo assim, o Greenpeace sugere que Pequim contenha as emissões adotando um imposto ambiental sobre o carvão e metas mais rígidas quanto a eficiência energética e uso de recursos renováveis. O relatório também salienta o progresso da China na desativação das usinas termoelétricas menores e mais poluentes.
A China diz se empenhar no combate às emissões, mas admite que sua prioridade ainda é crescer economicamente para tirar milhões de cidadãos da pobreza. O governo também reivindica mais ajuda técnica e financeira para nações em desenvolvimento que busquem um crescimento mais sustentável.
(Estadao.com.br / AmbienteBrasil, 29/07/2009)