De acordo com uma reportagem publicada no Enviroment News Service, um site norte-americano especializado em notícias ambientais, as grandes economias do mundo ignoraram os avisos dos cientistas da ONU (Organização das Nações Unidas) com relação às mudanças climáticas. O artigo aponta uma reflexão do presidente do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática), Rajendra Pachauri, que ressalta o insucesso da CQNUMC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas), assinada durante a Rio 92, no Rio de Janeiro. Ele também lembra que as emissões de gases causadores do efeito estufa aumentaram 70% entre 1970 e 2004.
Pachauri diz que é importante o G8, durante a reunião na Itália algumas semanas atrás, ter concordado que a temperatura do planeta não pode subir mais do que 2°C. Mas ele reclama de que o grupo não levou em conta as conclusões do IPCC, de que as emissões de gases de efeito estufa devem chegar ao pico em 2015 para, em seguida, caírem rapidamente e, assim, evitar as piores conseqüências do aquecimento global. “O mundo precisa de uma combinação de políticas para conseguir atingir essa meta” afirma Pachauri. “Se colocarmos um preço no carbono, não haverá razão para que o mundo não crie tecnologias que possibilitem o corte de 50% das emissões dos gases de efeito de estufa até 2050. Precisamos de investimentos em desenvolvimento tecnológico e infraestrutura, como transportes públicos, com trens mais rápido e eficientes”, defende o presidente.
Outro ponto apontado pela reportagem do Environments News Service é a importância do comprometimento dos Estados Unidos com um novo acordo a ser assinado em dezembro, em Copenhague. O texto aponta a fala do presidente Barack Obama, de que nem mesmo a desaceleração econômica pode servir como desculpa para a falta de ação diante das alterações climáticas. Mas Pachauri teme que as melhores ações por parte dos EUA talvez não sejam suficientes.
Com relação à sua terra natal, a Índia, Pachauri espera um plano nacional de ação para a mudança climática a ser anunciado nos próximos meses. Mas ele adverte para o plano indiano de levar eletricidade a 400 milhões de habitantes, o que significa mais termelétrica a carvão no país. “Não temos outra escolha no curto prazo, mas seria melhor a Índia investir em outras formas de produção de energia o mais rápido possível”, diz.
(Por Henrique Andrade Camargo, Mercado Ético / CarbonoBrasil, 27/07/2009)