Estudo aponta para um forte crescimento do setor nos próximos anos, contando inclusive com investimentos de grandes companhias de petróleo, e faz referência a liderança do Brasil, que deve se tornar um grande exportador do produto no futuro
A procura cada vez maior pelos biocombustíveis como uma alternativa com baixas emissões de dióxido de carbono (CO2) e políticas como a mistura obrigatória de etanol na gasolina devem levar ao crescimento anual de 15% desse mercado, que poderá movimentar quase um quarto de trilhão de dólares em 2020. Esta foi uma das conclusões do relatório “Biofuels Markets and Technologies” realizado pelo Instituto Pike, uma instituição de pesquisa e consultoria de mercados globais de tecnologias limpas. O documento analisou e fez projeções sobre o comércio e políticas dos biocombustíveis, assim como os prováveis impactos da chegada de novas tecnologias.
“Etanol e biodiesel ainda não são competitivos com relação ao petróleo, e seguem precisando de políticas de incentivo dos governos. Porém, em 10 ou 15 anos, o panorama é bastante favorável. O compromisso das autoridades com esse setor parece bastante sólido e a chegada de novas tecnologias irá baratear os custos e facilitará o seu comércio”, afirmou o diretor-gerente do Instituto Pike, Clint Wheelock. O relatório antecipa que três novas tecnologias irão movimentar o mercado nos próximos anos. Já em 2010, biocombustíveis produzidos a partir de óleos de resíduos descartados devem chegar ao comércio. Em 2014, combustíveis feitos de jatropha (um gênero de plantas que inclui o pinhão-manso) é que devem trazer um salto para a indústria. Finalmente, será a vez das algas entrarem no cenário em 2012, com maiores impactos a partir de 2016.
Brasil
O relatório também inclui perfis dos principais países envolvidos no mercado e nessa parte o Brasil recebe bastante destaque. O país é citado como um exemplo por já ter um longo histórico de experiências com bicombustíveis e ter assimilado a presença deles no seu cotidiano. O autor do relatório, Robert McDonald, afirma que mesmo com a descoberta de novos poços de petróleo, o país está dando continuidade aos investimentos nos biocombustíveis. “Na minha visão, o Brasil vai continuar apostando no setor e no futuro veremos o país exportando tanto petróleo quanto biocombustíveis. A ascensão do Brasil como uma potência do petróleo pode coexistir com as políticas de incentivo para os biocombustíveis”, disse McDonald.
Diversificando
Grandes empresas do petróleo também mostram interesse pelos biocombustíveis e traçam projetos bilionários. De acordo com um relatório do Instituto Americano do Petróleo, companhias deste gênero já teriam investido US$ 58,4 bilhões no setor entre 2000 e 2008. Por exemplo, a ExxonMobil, maior empresa privada de petróleo e petroquímica do mundo, anunciou na semana passada que investirá US$ 600 milhões no desenvolvimento de biocombustíveis a partir de algas. A própria Petrobrás, em seu Balanço Social Ambiental de 2008, divulgado recentemente, mostra que nos próximos cinco anos serão investidos US$ 2,4 bilhões em biocombustíveis.
O relatório “Biofuels Markets and Technologies” conclui ainda que todo o interesse internacional para mitigar as mudanças climáticas será muito favorável para o mercado de biocombustíveis que deve movimentar mais de US$ 100 bilhões por ano daqui em diante. Mas desafios como capacidade de produção e infra-estrutura terão que ser ultrapassados. O setor também terá que lidar com as dúvidas sobre o impacto da expansão do plantio de matérias-primas para biocombustíveis, como a cana-de-açúcar, sobre os ecossistemas. Ambientalistas e produtores ainda divergem sobre as conseqüências para biomas como a Floresta Amazônica do aumento da área cultivada.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 27/07/2009)