Pensando nos seres vivos menos favorecidos pelo dom natural da beleza, o estudante americano de ecologia Nathan Yaussy, da Kent State University, em Ohio, criou o blog Endangered Ugly Things (coisas feias ameaçadas).
A ideia é simples: mostrar seres vivos que acabam ficando de fora de programas de proteção por não terem o apelo de um filhote de tigre ou urso polar. Entre todas as espécies apresentadas, que vão de mamíferos e anfíbios a fungos e plantas, está o Rhinoplax vigil. Com seu bico curvo e visual exótico, ele é um prêmio para caçadores de Brunei, Indonésia, Malásia, Myanmar e Tailândia - mas você com certeza nunca o viu estampando um pôster de proteção à espécies ameaçadas.
“Normalmente essas campanhas preservacionistas escolhem um animal que tenha carisma e apelo popular, porque isso faz com que as pessoas se apeguem, gostem e logicamente acabem também fazendo parte do projeto”, diz o biólogo Luiz Duarte, doutor em ecologia pela UNICAMP. “No Brasil, o animal símbolo da preservação é o mico leão dourado; no mundo, é o urso panda”, completa.
Duarte explica que todos os seres vivos, os belos e os feios, possuem um papel no ambiente. Às vezes, um inseto que causa repulsa pode ser um importante polinizador de plantas utilizadas pelo próprio homem. “O problema é que ele pode ter um papel importantíssimo em termos ecológicos, mas, se for feio, não vai ser alvo de compaixão da opinião publica”, diz o biólogo.
No blog há centenas de exemplos de seres vivos que precisam da atenção pública para não se tornarem extintos. A causa é válida, afinal, não faz mal olhar um pouco além da aparência e ajudar quem, definitivamente, não é mais um rostinho bonito.
(Info / ANDA, 24/07/2009)