Apesar do impacto da crise na siderurgia mundial, que retraiu fortemente a demanda por aço no mundo, a Vale está apostando no setor. A companhia está retomando estudos para a instalação de uma usina de aço no Espírito Santo e no dia 25 de agosto assina um memorando de entendimento com o Estado do Pará para a construção da Alpa - Aços Laminados do Pará, no município de Marabá. Em aço, a companhia está também envolvida no projeto da usina de Pecém, no Ceará, em sociedade com a coreana Dongkuk, reavaliada em US$ 3 bilhões. A siderúrgica japonesa JFE, que seria uma terceira sócia nesta unidade, desistiu de participar do negócio.
O empreendimento paraense, um investimento avaliado preliminarmente em US$ 2,5 bilhões, visa atender a um pedido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e da governadora Ana Júlia Carepa, para que a Vale tenha um negócio que agregue valor à matéria-prima (minério de ferro) que é extraída no Estado. Que não seja simplesmente extração voltada para exportação.
De olho na retomada do mercado de aço para consumir seu minério, a Vale busca com esses projetos criar uma clientela nova, incluindo o da CSA, no Rio controlado pela alemã ThyssenKrupp, e do qual deverá ter 27% do capital com aporte de € 965 milhões. As grandes siderúrgicas do país - Usiminas, CSN e Gerdau - estão engavetando grandes projetos e algumas investiram em suas próprias minas de ferro quando o preço da matéria-prima subiu às alturas desde 2006. É o caso da Usiminas, que pagou US$ 1,9 bilhão pela J. Mendes, aderindo à verticalização.
Isso sinalizou, em princípio, que a mineradora brasileira pode se ver às voltas com um encolhimento de sua demanda doméstica por minério de ferro nos próximos anos. Sua estratégia atual é reforçar a área siderúrgica para criar mercados alternativos no Brasil. Juntas, as quatro novas usinas podem produzir 15,5 milhões de toneladas até 2013/2014, indicando uma demanda potencial de 23,2 milhões de toneladas de minério de ferro da Vale. A CSA vai produzir 5 milhões anuais de toneladas de placas de aço, a Alpa está programada em princípio para 2,5 milhões de toneladas, a de Pecém para mais 3 milhões de toneladas numa primeira fase e o projeto em desenvolvimento da usina no Espírito Santo será desenhado para mais 5 milhões de toneladas de aço ao ano.
A CSA planeja ter seu primeiro alto-forno ativado no primeiro trimestre de 2010, segundo o novo cronograma operacional da empresa. A expectativa da empresa é também pôr a unidade de aciaria em funcionamento em junho. A siderúrgica de Pecém poderá suas obras de terraplanagem iniciadas ainda em dezembro deste ano.
(Por Vera Saavedra Durão, Valor Econômico, 27/07/2009)