Cerca de 10% das 500 milhões de toneladas de lixo perigoso geradas por ano no mundo são transportadas por navios entre países. Isso inclui resíduos tóxicos, lixo hospitalar e outros materiais que representam riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Os países ricos, membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico despacham 80% desse total.
Segundo o presidente do Instituto Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni, consultor das Nações Unidas e do Banco Mundial, uma rede ilegal opera nesses países para despachar o material tóxico, cuja destinação é mais cara do que a do lixo comum. "Isso impulsiona a exportação ilegal", diz. Pior: nos países receptores, onde o controle alfandegário costuma ser falho, o lixo acaba em rios ou apodrece nos portos, como ocorre no Brasil com os mais de 20 contêineres contendo chumbo e cádmio, vindos da Itália, Espanha e Estados Unidos, que apodrecem no Porto de Santos há cinco anos.
Parte dos 89 contêineres de lixo encontrados neste porto e no Rio Grande do Sul também estava abandonada. Calderoni acredita que o lixo tóxico venha "disfarçado" em contêineres com material reciclável. Parte da remessa achada no Brasil ia para a Central Brasileira de Reciclagem, de Guarulhos, que teria recebido o lixo tóxico entre as remessas de plástico para reciclagem que teria comprado da trade AlphaTech. A CBR denunciou a fraude.
(O Estado de S. Paulo / IHUnisinos, 26/07/2009)