A média do consumo de combustível por quilometro rodado evoluiu de 5,95 km/l para apenas 7,31 km/l em quase 100 anos, mas a boa notícia é que recentemente o interesse por automóveis mais econômicos vêm crescendo rapidamente
Quando Henry Ford lançou o Ford Model T, a questão da eficiência no consumo de combustível dificilmente era uma de suas prioridades. Afinal, em 1923 o petróleo era abundante e relativamente barato. Porém, quase 100 anos depois, é preocupante que tão pouco tenha se avançado nesse quesito nos Estados Unidos. De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisas de Transporte da Universidade de Michigan (UMTRI), a eficiência média de combustível entre 1923 e 1935 era de 5,95 km/l, caindo para 5,08 km/l em 1973 e voltando a subir no período de 1991 a 2006, para 7,31 km/l.
Os pesquisadores Michael Sivak e Omer Tsimhoni documentaram e analisaram as mudanças anuais da eficiência de veículos nas estradas norte-americanas usando informações como distância dirigida e queima de combustível para calcular o real consumo de toda a frota e de diferentes classes de veículos. O estudo “Fuel efficiency of vehicles on US roads: 1923–2006”, publicado no periódico Energy Policy, afirma que a melhora do rendimento só virou uma preocupação verdadeira depois de eventos internacionais, como embargo de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC) em 1973 e a revolução no Irã em 1979. “Depois do embargo de 1973, as montadoras conquistaram diversos avanços na economia dos veículos. Porém, a rapidez de crescimento da eficiência foi comprometida depois de 1991”, afirmou Sivak. Entre 1991 a 2006, a eficiência subiu menos de 2%, muito aquém dos 42% registrados entre 1973 e 1991.
Novo ciclo
Recordes freqüentes nos preços do barril do petróleo, riscos de escassez do recurso e a emergência do debate internacional em torno do aquecimento global resultante da queima de combustíveis fósseis são alguns dos fatores que compõe um novo cenário internacional no qual a eficiência dos automóveis se torna novamente um atrativo.
Em outro estudo do UMTRI (“Recent Reductions in Carbon Dioxide Emissions From New Vehicles”) foi demonstrado que o fator ‘consumo de combustível’ é um dos quesitos que mais estão sendo levados em consideração pelos norte-americanos na hora de comprar um automóvel nos últimos anos. Isto é muito positivo porque, segundo o estudo, entre os motoristas que trocaram os modelos antigos por outros mais eficientes, houve uma queda de 8% nas emissões de dióxido de carbono (CO2) no período analisado - outubro de 2007 a abril de 2009. Além disso, há mudanças no campo político. Em maio, o presidente Obama anunciou que carros novos deveriam ter uma eficiência média de 15,09km/l em 2016.
Para os pesquisadores do UMTRI, além de leis, deveriam existir planos de incentivos financeiros para estimular os proprietários de veículos antigos a comprar novos modelos, como já acontece na Europa. Também deveriam ser realizados cortes de impostos para encorajar o desenvolvimento de tecnologias de economia de combustível.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 24/07/2009)