Ambientalistas e a população de Guaporé (RS), próxima à Serra Gaúcha, estão mobilizados contra a construção de mais três pequenas centrais hidrelétricas no Rio Carreiro. A mais recente novidade dessa luta é a decisão do Ministério Público Federal de Bento Gonçalves de pedir um novo estudo integrado e que avalie os efeitos individuais e cumulativos das pequenas usinas.
Na Ação Civil Pública encaminhada à Justiça, a Procuradoria considerou os Estudos de Impacto Ambiental apresentados pela empresa Bolognesi Engenharia precários e incompletos. Dentre diversas falhas, uma das mais graves é que o estudo omite que as três usinas ficarão em uma área de reserva da Mata Atlântica.
A ambientalista Ana Maria Postal, integrante da Associação Ecológica Vida e Meio Ambiente (VIME), reclama do estudo superficial da empresa e da atuação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que concedeu licença para a construção das usinas. “Guaporé foi pega de surpresa. O diagnóstica da bacia Taquari-Antas foi feito pela Fepam, que nem sabia que tínhamos captação de água da Corsan no Rio Carreiro. E temos isso há pouco tempo, há uns 50 anos pelos menos. E ela [Fepam] não sabia. Quer dizer, o estudo é absolutamente superficial”, ironiza.
Ambientalistas e a população de Guaporé lutam desde 2005 contra as usinas. Já realizaram campanhas, audiências públicas e até mesmo um abaixo-assinado contra as barragens. O projeto da Bolognesi Engenharia prevê seis pequenas usinas no Rio Carreiro, mas até o momento a empresa construiu três. O objetivo é impedir a construção das demais.
Ana Maria relata que embora sejam de pequeno porte, as barragens causam prejuízos ao ecossistema do rio. Além disso, a mata da encosta foi derrubada. Outro problema que tende a se agravar é a qualidade da água. Caso a construção das usinas seja efetivada, a água captada irá passar por quatro barragens até chegar à população.
“Esta água fica comprometida porque é uma água que tem propensão a ter materiais parados, algas já se formaram nas barragens. Nós que temos hoje uma água de boa qualidade, vamos ter que agregar de quatro a cinco produtos [para limpar a água]”, diz. A Ação Civil do Ministério Público ainda aguarda julgamento na Justiça Federal.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque de Notícias, 24/07/2009)