Quando o assunto é testar carros elétricos, a capital alemã tem um lugar cativo: a cidade é a preferida das montadoras europeias para desfilar seus modelos com a nova tecnologia. E a atenção que obtêm não é pouca. Frank Müller é um dos cem motoristas que participam do projeto de testes do Mini Cooper com motor elétrico da BMW em Berlim. “Faz cinco semanas que eu dirijo o Mini E por Berlim e a experiência tem sido ótima”, afirmou.
“Primeiro, porque ele é muito rápido.” O carro de dois lugares pode chegar a 150 quilômetros por hora em segundos, conta Müller, além de ser extremamente silencioso. “O motor ligado não faz barulho, nem mesmo quando eu acelero”, disse. Assim como os outros motoristas, Müller faz um relatório mensal sobre a performance do carro e também sobre a operação de recarga do veículo. As informações serão analisadas e ajudarão a aprimorar a tecnologia.
Para Müller, as vantagens ecológicas de dirigir o Mini E são claras. “Quando estou dirigindo o carro e sinto que não poluo o ambiente com CO2, isso me faz sentir muito bem”, contou. “Eu estou muito orgulhoso por dirigir um carro elétrico e fazer parte da revolução verde.” Embora o carro elétrico seja parecido com o comum, a versão movida à eletricidade gera apenas 25% dos custos em comparação ao modelo convencional.
Como parte do projeto, a empresa de energia sueca Vattenfall espalhou estações de recarga pela cidade, que fornecem eletricidade proveniente de fontes renováveis para abastecer os carros.
Recarga e limites
Segundo a fabricante BMW, a bateria do carro leva 2,4 horas pra ser recarregada na estação da Vattenfall, mas também pode ser abastecida em casa através de uma tomada convencional. Nesse caso, o processo demora dez horas. Com a bateria cheia, o carro elétrico roda, em média, 170 quilômetros, mas pode chegar a percorrer até 250 quilômetros. Ambas as distâncias superam os 95 quilômetros de percurso que um motorista faz em média na cidade.
Müller, no entanto, está confiante de que a capacidade do carro vai aumentar com o desenvolvimento tecnológico das baterias. “Em breve, haverá baterias de ion lítio mais leves e menores, capazes de armazenar ainda mais energia”, disse.
Concorrência acirrada
Mas BMW e Vattenfall não são as únicas empresas que querem manter carros elétricos circulando nas ruas de Berlim. A companhia de energia RWE e a montadora Daimler também escolheram a praça Potsdamer Platz, no centro da cidade, para apresentar seu projeto E-mobility.
O carro elétrico que apresentaram é rápido, atraente, rebaixado e conversível. O modelo já foi visto em movimento em ruas virtuais durante a apresentação em julho, mas a maioria dos motoristas que fizeram test-drive no simulador não estavam acostumados com a potência do carro e logo batiam ou saíam da pista. Outros optaram por experimentar o carro elétrico verdadeiro e concluíram que os modelos elétricos não são tão fracos como têm fama de ser. “Eles tem uma potência inacreditável, não dá nem pra descrever”, afirmou Marek Schmidt, que dirigiu o carro elétrico. "É como lançar um foguete.”
As RWE está construindo estações de recarga para abastecer cem carros elétricos Smart produzidos pela Daimler. Todas as empresas que competem pelo mercado de carros elétricos em Berlim concordaram em padronizar os veículos e as estações de recarga para manter a competição justa e aberta.
Para Dick McKay, que representou uma empresa americana do setor automobilístico no evento, os carros elétricos são o futuro. “Não há como parar esse processo”, disse. “Esse é o caminho. Acho um bom exemplo de cooperação entre uma empresa grande de energia e outras concorrentes.”
Müller, que testa o modelo BMW, diz que fazer parte do projeto inclui a missão de espalhar a mensagem: “Quando você desce do carro e começa a recarregá-lo, as pessoas praticamente formam uma fila e querem saber tudo”, contou. “Eu acho que há um grande interesse, especialmente entre os jovens, que se aproximam, olham o carro, procuram pelo cabo e fazem perguntas inteligentes.”
(Por Leah McDonnell, com revisão de Rodrigo Rimon, Deutsche Welle, 26/07/2009)