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indústria do cigarro substâncias químicas tóxicas câncer
2009-07-25

Análises acham componentes tóxicos nas duas marcas mais vendidas nos EUA. Anunciado como auxiliar para quem quer largar o fumo, produto é ilegal no Brasil e vendido na internet e nos comércios populares

A FDA -agência americana que regula medicamentos e alimentos e que recentemente também passou a controlar o fumo- informou nesta quarta (22/07) que os cigarros eletrônicos contêm substâncias cancerígenas. Diferentemente do que afirmam os fabricantes chineses, que dizem que as baforadas liberam apenas vapor d'água, análises do governo dos EUA das duas marcas mais vendidas naquele país apontaram a presença de diversos componentes químicos tóxicos, como nitrosamina e dietilenoglicol.

Num comunicado, a agência reguladora afirmou que o cigarro eletrônico não foi submetido à aprovação nos EUA e que, por isso, a venda ainda não é proibida naquele país. Segundo a FDA, não foram feitas pesquisas que determinem a quantidade de nicotina e de outras substâncias tóxicas liberadas aos fumantes do cigarro eletrônico. "A agência está muito preocupada com a segurança desse produto e com a forma como ele é vendido", disse a conselheira da FDA Margaret Hamburg.

Segundo os fabricantes chineses, os dispositivos eletrônicos substituem os cigarros comuns, mas sem a emissão das fumaças poluentes, e servem de paliativo para quem quer deixar de fumar, já que podem ser recarregados com cartuchos de diferentes teores de nicotina. A OMS (Organização Mundial da Saúde) diz ser contra o dispositivo e orientou os países signatários a proibir a venda.

No Brasil, o cigarro eletrônico é ilegal, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por não ter registro. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) informa que não há comprovação dos benefícios. "É mais uma estratégia da indústria tabagista para manter as pessoas dependentes", afirma Ricardo Meireles, pneumologista da Divisão de Controle do Tabagismo.

O mecanismo funciona assim: a ponteira contém um cartucho com refis de propilenoglicol, nicotina e aromatizantes que simulam o sabor de diversas marcas de cigarro comum. Quando o fumante inala, um nebulizador vaporiza a nicotina no fluxo de ar. O processo gera uma névoa -para reproduzir a fumaça do tabaco.

Vapor d'água
"Aquela fumaça não é um vapor d'água, como diz o fabricante. Encomendamos uma análise química em laboratório", diz Marina Seelig, doutoranda em engenharia mecânica da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que estuda dispersão de fumaça no Laboratório de Estudos Térmico e Aerodinâmico da universidade e é uma das primeiras a estudar o cigarro eletrônico no país.

"O marketing dos cigarros eletrônicos é controverso e eles não deveriam ser vendidos abertamente no mercado sem regulamentação do governo", disse à Folha Clifford Douglas, diretor do Laboratório de Pesquisas de Tabaco da Universidade de Michigan, nos EUA.

Mesmo ilegal, o cigarro eletrônico é vendido livremente em páginas brasileiras na internet e no comércio popular da rua 25 de Março, na região central de São Paulo. Sem registro, o cigarro eletrônico que chega ao Brasil, diz a Anvisa, é fruto de contrabando. A agência abriu consulta pública, encerrada hoje, para a resolução que regulamenta a proibição da venda e do consumo do cigarro eletrônico.

Pela internet
Em sites brasileiros, o dispositivo é vendido por R$ 280, com pagamento com cartões de crédito e boleto bancário ou através de depósito em conta. No Orkut, diversos usuários oferecem o produto pela metade do preço. Na rua 25 de Março, o cigarro eletrônico é encontrado facilmente nas bancas de vendedores chineses. "Temos nota fiscal e a importação é de forma legal", diz Rafael Donato, dono do site Cigarro do Futuro, que primeiro afirmou ter autorização da Anvisa para a venda do produto, mas depois voltou atrás.

"A venda clandestina e pela internet é questão de polícia. Criaram isso para burlar a legislação", afirma Adilson Bezerra, chefe de segurança institucional da Anvisa. A agência apreende os carregamentos que chegam ao país. "A nicotina não é inócua. São necessários mais estudos sobre o dispositivo para ter a certeza de que ele é eficaz e seguro para ser liberado", diz Jussara Fiterman, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia.

Sensação é de gosto amargo, diz ex-fumante
A jornalista baiana Daniela Guedes, ex-fumante que experimentou o cigarro eletrônico para compará-lo com o tabaco em brasa, diz que o dispositivo é incômodo e que a sensação é a de inalar ar com um gosto amargo de nicotina que fica na boca. "Senti o sabor da nicotina. E fica um gosto de fósforo queimado, mas é diferente do cigarro. O eletrônico é desconfortável para manusear porque ele é pesado, parece uma caneta de metal", diz. Segundo ela, o produto eletrônico não pode ser segurado entre os dedos.

De acordo com Guedes, o dispositivo também não dá a sensação de relaxamento proporcionada pelo cigarro comum. "O efeito não é o mesmo de fumar um cigarro tradicional. Não tive a sensação da fumaça entrando e saindo pela boca", afirma.

(Por Vinícius Queiroz Galvão, Folha de S. Paulo, 23/07/2009)


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