O Parlamento da França aprovou uma ampla reforma da legislação ambiental do país, modificando os padrões ambientais e definindo metas duras para as emissões de gases causadores do efeito estufa, enviando um sinal a outras grandes economias do mundo às vésperas da negociação de um novo tratado da ONU sobre a mudança climática. Legisladores em ambas as casas do Parlamento aprovaram a medida por ampla margem, com a maioria dos conservadores e da oposição socialista votando a favor. O partido Verde e os comunistas opuseram-se à lei, dizendo que ela ainda é muito tímida.
A lei diz que a França deve reduzir suas emissões de carbono a um quarto até 2050, e elevar o uso de fontes renováveis de energia a 23% do total gerado no país, o dobro do nível atual. O texto afeta desde cabines de pedágio às janelas das casas. Define metas de eficiência energética para imóveis novos ou que passem por reforma, para uma agricultura mais ambientalmente correta e para o controle de resíduos. Cria um sistema para acompanhar a saúde dos trabalhadores e a poluição.
A lei surge depois de meses de negociações entre ambientalistas, fazendeiros, industrialistas e burocratas, realizadas em 2007 para criar o que o presidente Nicolas Sarkozy chamou de "Neal Deal" ambiental francês. As conversações foram parte da tentativa de Sarkozy de pôr a França à altura de seus vizinhos em matéria ambiental e dar um exemplo a outras nações.
O Partido Verde francês disse que a lei é um presente para "grandes lobbies industriais", destacando brechas que favorecem a indústria da energia nuclear. A França é o país que mais depende de energia nuclear. A lei é apenas um primeiro passo na iniciativa ambiental francesa, oferecendo apenas um quadro de referências, e os parlamentares terão de preparar medidas mais detalhadas nos próximos meses.
(Estadao.com.br / AmbienteBrasil, 24/07/2009)