A Vale vai se tornar uma acionista de peso na siderúrgica de aços planos que o grupo alemão ThyssenKrupp está construindo no Rio e que já tinha a mineradora como sócia com 10% desde a sua criação alguns anos atrás. A companhia informou nesta quarta (22/07), no início da noite, que firmou memorando de intenção para aportar € 965 milhões (mais de R$ 2,5 bilhões) no capital da ThyssenKrupp CSA Companhia Siderúrgica do Atlântico. Esse valor dará à Vale fatia de 26,87% da CSA.
A entrada da Vale na siderúrgica, na verdade, trata-se de uma operação de socorro para garantir a conclusão do projeto - cujo investimento é de € 4,5 bilhões. O empreendimento deveria ter entrado em operação no fim do ano passado, mas a obra sofreu vários atrasos por questões que vão desde licença ambiental até correções de implantação de algumas instalações, como altos-fornos (coração da usina) e a coqueria.
Os primeiros contatos para a Vale ampliar sua participação na CSA ocorreram no primeiro trimestre. A mineradora, na ocasião, pediu um tempo para levantar a situação financeira e operacional da obra do projeto e para avaliar como poderia fazer para que a usina de aço não sofresse mais atrasos. Aliás, quanto mais cedo a siderúrgica entrar em operação, melhor é para a Vale: a mineradora vai fornecer todo o minério de ferro - cerca de 8 milhões de toneladas por ano - que a usina vai necessitar quando estiver em plena operação. A CSA foi desenhada para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço ao ano. Esse material semi-acabado irá abastecer laminações do grupo alemão nos EUA e na Alemanha.
Com a crise econômica mundial, que derrubou em mais de 50% a demanda de aço na Europa e EUA, a ThyssenKrupp passou a enfrentar dificuldades financeiras para concluir o projeto da CSA. Com o aporte adicional de recursos, diz a Vale em seu comunicado que "reafirma seu compromisso no maior investimento industrial em construção no Brasil nos últimos dez anos". E que com essa decisão está "proporcionando forte apoio à conclusão do projeto". Segundo a Vale, a decisão do investimento na CSA ainda está sujeita, entre outras condições, à aprovação dos conselho de administração de Vale e ThyssenKrupp
Aristides Corbellini, diretor de siderurgia da Vale, foi quem tocou o projeto desde o início. Foi substituído em setembro de 2008 pelo sul-africano Erich W. Heine, falecido em acidente do vôo 447 da Air France. Seu substituto interino é Niclas Müller, membro do conselho da ThyssenKrupp Services. Corbellini é quem foi à Alemanha assinar acordo de aporte de dinheiro. Segundo apurou o Valor, a Vale deverá pleitear um representante na diretoria executiva da CSA.
(Por Ivo Ribeiro e Vera Saavedra Durão, Valor Econômico, 23/07/2009)