Nos últimos meses, as comunidades e os líderes indígenas da Colômbia têm sofrido diversas violações dos direitos humanos. Os casos estão relacionados, principalmente, aos conflitos armados, à falta de apoio do Governo e à exploração de riquezas pelas transnacionais. Para denunciar a grave situação vivida por esses grupos, as comunidades indígenas do norte de Cauca realizarão, quinta (23/07) e sexta-feira (24/07), uma marcha "em defesa da vida frente aos feitos cometidos pelos atores armados". A caminhada sairá quinta, de Santander de Quilichao, e pretende chegar na próxima sexta-feira, em Corinto. No decorrer do percurso, haverá algumas "estações" para relembrar os casos de assassinatos e violações de direitos humanos do povo indígena colombiano.
De acordo com comunicado divulgado quarta (22/07) pela "Asociación de Cabildos Indígenas del Norte del Cauca" (ACIN), os grupos já realizam, há algum tempo, diversos atos de resistência para proteger o território. Entretanto, "forças alheias ao processo, opõem-se de muitas formas, causando desequilíbrio e perturbação no interior das famílias e do território".
Os casos de violação dos direitos do povo indígena estão relacionados a diversos fatores, que vão desde o conflito armado até a falta de apoio do Governo Nacional. Segundo a ACIN, os grupos guerrilheiros colombianos avançam com atos violentos, como ameaças e assassinatos coletivos. Prova disso foi o assassinato de um membro do conselho de Jambalo. "O nível de violência exercido pelos atores armados aumenta na medida em que passam os dias; o assassinato de Marino Mestizo, membro do ‘Comité de Justicia del Cabildo de Jámbalo’, ilustra esta grave situação", afirma.
Além da militarização nos territórios, os indígenas ainda têm que lidar com a presença de empresas que se instalam com a intenção de explorar os recursos naturais e o meio ambiente local. "A implementação de megaprojetos e a definição da zona franca no norte de Cauca e no sul do Valle, violando a consulta prévia livre e informada, agride nossos territórios e lesiona gravemente as condições de vida e o tecido social das comunidades", esclarece.
ACIN ainda denuncia a falta a apoio do Governo aos interesses dos indígenas e comunidades nativas. De acordo com o comunicado, o Estado colombiano não demonstra responsabilidade em avançar nos acordos, pactos e convênios assinados com os povos indígenas. Além disso, insiste em impor "os tratados de livre comércio que violam nossa soberania nacional e retiram dos povos todos os direitos".
(Adital, 22/07/2009)