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suzano celulose e papel certificação do fsc passivos da silvicultura
2009-07-22

A certificação FSC Brasil e FSC Internacional não possui crédito algum entre os ambientalistas e os movimentos sociais do Estado. Convidados para participar do processo de recertificação da Suzano Papel e Celulose, as entidades se negaram e emitiram uma carta de repúdio. A informação é que nenhum dos relatos ou provas de impactos sociais e ambientais é levado em consideração pela certificadora. “Não estamos mais motivados a participar da falsa ritualística da certificação FSC e do Imaflora, onde as empresas ditam a coreografia das audiências públicas e os roteiros de entrevistas com interlocutores subordinados, valendo-se de seu enorme poder político e econômico, advindo do financiamento de campanhas eleitorais e microinvestimento social compensatório”, diz a carta.

Segundo as entidades, a empresa já é certificada pelo selo mesmo depois da apresentação
de inúmeros documentos, estudos, relatórios técnicos, jornais, cartilhas, cartas públicas, e até vídeos denunciando a insustentabilidade dos plantios químicos e industriais de eucalipto. Sua recertificação não garante, em nada, que a empresa é sustentável como deveria garantir o selo.

Para os mais de 40 representantes de entidades ambientalistas e de movimentos sociais que assinam a carta, é inadmissível que a certificação passe ao largo das evidências apresentadas, inclusive, diante de processos judiciais em cortes nacionais e internacionais que denunciam a violação de direitos humanos, econômicos, culturais e ambientais por parte da Suzano Papel e Celulose.

“Impossível pensar que uma certificação FSC passe ao largo de toda essa história de resistência e luta, documentada em enorme diversidade e gêneros textuais, veiculada por mídias regionais, nacionais e internacionais. Infelizmente o princípio 10 do FSC continua na contramão do debate ambiental, permitindo a certificação das plantações uniformes de árvores como floresta sustentável, desvirtuando a mensagem do selo verde junto aos consumidores do norte”, diz a carta.

Segundo a Rede Alerta, a certificação FSC não é aceita pela sociedade impactada em seu entorno, e a recertificação somente engana ainda mais o consumidor final no norte. “Seus agroquímicos contaminam o solo e a água de uma macrorregião, suas terras se sobrepõem a territórios étnicos tradicionais, sua mecanização gera desemprego em larga escala, sua poluição industrial afeta um enorme raio territorial, seus caminhões e infra-estrutura transtornam estradas e comunidades rurais, sua terceirização e degradação do trabalho mutilaram e envenenaram trabalhadores, desde os anos 70 até hoje sem suas aposentadorias por invalidez conquistadas”.

As entidades deixam claro ainda que não participam do processo de recertificação porque não são motivados pelas condicionantes e pré-condicionantes que  possam vir a ser exigidos pelo Imaflora, pois continuarão sem abarcar a longa dívida ambiental e o complexo conjunto de fatores que determinam os trágicos indicadores sociais e ambientais deste modelo de “desenvolvimento” que se quer se sustentaria, não fossem as vantajosas cifras públicas investidas pelo Estado, seja na forma de investimento direto, crédito ou concessão fiscal.

“O selo verde da Cia. Suzano deve ser imediatamente revisto e retirado, possibilitando a titulação dos territórios tradicionais, a agricultura camponesa e a reforma agrária, promovendo a agroecologia, a soberania alimentar e a recuperação do clima e da mata atlântica na região”, finaliza.

Assinam a carta representantes da Rede Alerta contra o Deserto Verde do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e mais: Cepedes – Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul/BA; Comissão das Comunidades Rurais Quilombolas do Sapê do Norte; Fase/ES-Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional; Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA); Rede Brasileira de Justiça Ambiental; entre técnicos e acadêmicos de universidade dos estados citados.

(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 17/07/2009)


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