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mamíferos terrestres extinção de espécies política ambiental de portugal
2009-07-22

Na lista das espécies em vias de extinção em Portugal, o lince-ibérico (lynx pardinus) assume os primeiros lugares. Ele é considerado o felídeo mais ameaçado do mundo, estando classificado como “criticamente em perigo” pelos Livros Vermelhos de Portugal e da União Internacional para a Conservação da Natureza. Mas esse cenário pode mudar no futuro. Para inverter a situação, o governo português inaugurou, em maio, o Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), na cidade de Silves, e prepara-se para assinar, no dia 28 de julho (Dia da Conservação da Natureza), um protocolo para a construção de um centro de aclimatação do lince na serra da Malcata.

A unidade, localizada em plena Reserva da Malcata, irá receber linces provenientes do centro de Silves. Ele tem uma área de seis hectares, com capacidade para acolher 16 animais, que deverão começar a chegar de Espanha em setembro deste ano. A ideia é assegurar a reprodução da espécie em cativeiro e depois reintroduzir os linces no território nacional.

A partir de setembro, Portugal terá três anos para preparar um habitat para receber o lince na natureza, ou seja, fora de cativeiro. Esse é o objetivo do projeto ibérico “Iberlinx - Acção territorial transfronteiriça de conservação do Lince-Ibérico”, financiado pelo Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2007-2013 (POCTEP). O custo total do projecto é de 1,275 milhões de euros.

Um dos beneficiários deste montante é a empresa Águas do Algarve, uma das parceiras na construção do CNRLI, com o apoio do Comité de Cria em Cativeiro para o Lince-Ibérico e do Instituto Nacional da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). O projeto é uma “medida de sobrecompensação” pelos impactos ambientais da construção da barragem de Odelouca.

Em declínio desde os final dos anos 90
O lince-ibérico não é avistado no território nacional desde 2001, mas estima-se que, em meados dos anos 90, existiriam de 1000 a 1200 exemplares distribuídos por nove núcleos populacionais, entre Portugal e Espanha. No final da década, foi feita uma avaliação da situação pelo ICNB e os resultados indicaram um declínio generalizado da espécie no País. O motivo? A acentuada regressão do coelho-bravo, principal presa do lince, a destruição dos habitats mediterrânicos e também a caça furtiva.

Na Espanha, o lince continua a viver no seu habitat natural, fruto dos esforços feitos pelo governo espanhol para recuperar a população, que aumentou já em 49%. Já há 188 animais entre a Sierra Morena e Doñana, na Andaluzia, um feito que levou a União Europeia a premiar o “Life Lince” andaluz como um dos cinco melhores projetos ambientais financiados com dinheiros comunitários. O êxito deste primeiro programa levou à criação de um novo, cuja duração foi alargada até 2011. O investimento previsto é de 26 milhões de euros, o maior montante investido em programas de conservação de espécies.

Em Portugal, o CNRLI é o culminar dos esforços feitos há mais de 30 anos pela Liga para a Proteção da Natureza, que tem tentado trazer o felino com pêlos em forma de pincel na ponta das orelhas de volta ao País. No final deste ano termina um projeto Life que, desde outubro de 2006, tem procurado recuperar e conservar habitats e corredores que os ligam entre si nas serras e montados de Moura-Barrancos, promovendo condições de sobrevivência para a espécie.

Esta região é uma das oito áreas prioritárias de intervenção do Plano de Ação para a Conservação do Lince-ibérico em Portugal, aprovado em maio de 2008. As outras áreas são Malcata, Nisa, São Mamede, Guadiana, Caldeirão, Monchique e Barrocal.

(Ambiente Online / ANDA, 21/07/2009)


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