“Acidentes nas estradas com atropelamentos de animais silvestres são a segunda maior causa da perda de espécies no Brasil, perdendo apenas para queimadas e desmatamentos, que ainda são os maiores causadores da morte dos animais”. A informação é do biólogo Gilson Santana, que tem realizado amostras dos incidentes em trechos da BR-364 em Rondônia, e na região de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a maioria dos registros são feitos com animais de grande porte, como antas, vacas e cavalos, que são os que mais causam acidentes mais graves. Do último semestre de 2008 até o fechamento do primeiro semestre deste ano 74 acidentes envolvendo animais na pista foram registrados nas estradas de Rondônia e Acre.
Mas para o biólogo Gilson Santana, há que se levar em consideração a perda de espécies silvestres que facilmente são alvos de rodovias construídas, segundo ele, sem planejamento ambiental adequado. “Quando se faz o estudo ambiental para a abertura ou ampliação de uma estrada, deve ser levada em conta a quantidade de animais que vivem na região e a necessidade de se incluir passarelas e túneis, além do cercado às margens da estrada que impede a saída dos animais da floresta para a travessia na BR”, diz.
Pesquisa
Segundo Santana, poucos estudos são feitos no país a respeito dessa perda. “Em Porto Velho, a Universidade Federal tem um trabalho de recolhimento desses animais para pesquisas no laboratório de mastrozoologia, para análise do conteúdo estomacal, assim eles descobrem o tipo de alimento que os animais comiam e como está sendo a vida alimentar das espécies, se existe influência humana. Eles também fazem a taxidermia, que é o empalhamento dos animais”, conta.
Em um dia de amostra, o biólogo contou 40 animais mortos por atropelamento em um trecho de 32 quilômetros de estrada, saindo de Porto Velho. Segundo Gilson, a maioria é de anfíbios, répteis, aves e mamíferos. “Acontece ainda o atropelamentos de urubus, que descem à pista para comer a carniça dos outros animais e são surpreendidos pelos veículos”, acrescenta.
Tamanduás mirins, cobras de várias espécies e cutias são muito comuns nas estradas. “Os que mais morrem são geralmente os machos da espécie, pela necessidade de expansão territorial e a busca por alimento. Quando a floresta é cortada ao meio eles buscam pela complementaridade do habitat, mas os acidentes também são comuns em áreas próximas de riachos e pontes, pois os animais sempre estão a procura de água”, completa Santana.
Cuidado
Para a inspetora da PRF, Márcia Félix, ao trafegar por regiões rurais, de fazendas ou em campo aberto, principalmente à noite, é preciso ter muita atenção. “Ao perceber a presença de animais, o motorista deve reduzir a velocidade, feche o vidro por segurança, evite buzinar para não assustá-lo e siga devagar até que tenha ultrapassado o ponto onde o animal se encontra. Isso irá evitar que o animal se sobressalte e na tentativa de fugir, venha ao encontro do veículo. Animais assustados podem ter reações inesperadas, o que pode tornar o momento ainda mais imprevisível. Eles também podem ficar paralisados de susto, congestionando a via, as conseqüências de um acidente podem ser muito graves”, finaliza.
(Diário da Amazônia / ANDA, 21/07/2009)