Resíduo do sisal
O Fundo Comum de Commodities (CFC) da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) financiará uma iniciativa que aproveitará o resíduo líquido do sisal baiano para a produção de bioinseticida e parasiticida. A primeira etapa do projeto, um estudo de pré-viabilidade para a elaboração de um plano de negócios, contará com cerca de US$ 170 mil, sendo US$ 112 mil de recursos não-reembolsáveis.
A proposta, que foi apresentada pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) da Bahia e pelo Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais do Estado da Bahia (Sindfibras), com o apoio do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), foi orçada em US$ 1 milhão.
De acordo com o secretário de C&T da Bahia, Ildes Ferreira, caso os resultados das pesquisas iniciais sejam positivos, o CFC liberará, no próximo ano, a parcela complementar, de R$ 890 mil, para estudos adicionais e a implantação de uma unidade industrial piloto, na região sisaleira da Bahia, para a produção de bioinseticida e parasiticida.
Dietético de sisal
Os dois produtos serão produzidos a partir do resíduo líquido da extração da fibra do sisal, hoje estimado em dois bilhões de litros anuais e totalmente descartado no campo. A iniciativa deverá ser desenvolvida em parceria com universidades e centros de pesquisa durante quatro anos no território do Sisal, localizado no semi-árido baiano.
O projeto também aproveitará o resíduo líquido do sisal para a produção de dietético. Segundo o engenheiro químico Adalberto Luiz Cantalino, o adoçante extraído do sisal é a inulina, um produto de origem natural, que pode ser utilizado em substituição ao açúcar na indústria alimentícia e farmacêutica que não é absolvido pelo organismo, ou seja, é uma solução natural à substituição dos ciclamatos utilizados na indústria dos dietéticos.
Bioinseticida
O bioinseticida será utilizado para combater pragas na agricultura. Um projeto anterior, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), descobriu que o suco do sisal in natura atua como bioinseticida, no combate a pragas do plantio de algodão. No entanto, este suco começa a fermentar dois dias após a sua extração, o que inviabiliza a sua produção comercial. "A idéia é extrair o princípio ativo e acondicioná-lo, para que tenha um tempo mais longo", diz Cantalino.
De acordo com ele, a vantagem em relação aos inseticidas disponíveis no mercado é a ausência de drogas químicas nocivas ao meio ambiente e ao ser humano. O projeto também prevê a produção de um parasiticida para combater pragas comuns em ovinos, bovinos e caprinos.
(Inovação Tecnológica, 21/07/2009)