Agora é a vez do Cerrado. Novamente, cientistas comprovam que as vegetações preservadas geram mais riqueza do que o desmatamento - seja ele para a produção de etanol, à agricultura ou pastagem. Segundo matéria escrita por Vinicius Jorge Sassine, publicada no jornal O Popular, de Goiânia, a renda das comunidades que vivem no bioma depende das matas em pé.
Os pesquisadores goianos Pedro Novaes, Fábio Lobo e Manuel Ferreira compararam o Produto Interno Bruto (PIB) com o desmatamento. A maioria das cidades sem cobertura vegetal natural são as mais pobres como é o caso de Jesúpolis (com apenas 4,76% de vegetação nativa), de Aloândia (0,96%) e de Adelândia (0,95%).
Em Diorama, interior de Goiás, habitantes fornecem 22 fórmulas elaboradas com plantas do Cerrado para postos do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, países como a Itália e os Estados Unidos compram dos moradores da região óleo e artesanato fabricados com a matéria-prima local.
O Cerrado preservado gera riqueza e também absorve dióxido de carbono - um dos gases poluentes que contribuem para o aquecimento global. Mercedes Bustamante, coordenadora do projeto ComCerrado do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), quantificou quanto o desmatamento do bioma emana de dióxido de carbono para a atmosfera. Ao todo, ele emite 220 toneladas dos gás por hectare - cerca de um campo de futebol.
Para se ter uma ideia da quantidade, quem dirige um carro 20 quilômetros por dia durante 18 anos gera cerca de 20 toneladas de dióxido de carbono. “O Cerrado funciona como um dreno de carbono”, disse Bustamante para o jornal. Um dreno ameçado, principalmente, pela cana-de-açúcar.
(Por Isis Nóbile Diniz, Blog do Planeta, 20/07/2009)