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2009-07-20

Como aponta o “G8 Climate Scorecads”, um estudo realizado pela WWF em parceria com a seguradora Allianz que mostra um “ranking comentado” das ações e planos dos países mais desenvolvidos no combate à mudança climática, a situação presente está acima do pior cenário previsto pelo IPCC e exige ações urgentes agora.

Apesar de alguns países já estarem adotando medidas para reverter o quadro, essas ações ainda não são suficientes para se levar o mundo a uma economia limpa. Para manter o aquecimento global em 2°C acima da média, é preciso que o nível das emissões de gases do efeito estufa comece a cair antes de 2020 e seja reduzido, até 2050, em 80% dos níveis registrados em 1990. “O G8 deve apresentar planos mais ambiciosos. A crise climática é muito mais séria e mais perigosa, porque não é possível alocar uma quantidade enorme de recursos financeiros para modificar o clima, como foi feito na economia. Isso depende de decisão e planejamento de longo prazo”, alerta Karen Suassuna, analista sênior do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF Brasil.

O documento aponta três vantagens de um eventual sucesso nas negociações climáticas em Copenhague, que ocorrerá em dezembro: a mudança climática não chegará a um nível catastrófico para o planeta; a implementação da energia sustentável ajudará a combater a crise econômica e, em algumas décadas, fornecerá energia abundante para todos; e o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono evitará o surgimento de milhões de refugiados do clima e possíveis custos com a adaptação aos impactos climáticos.

Nesse sentido, os países mais avançados são respectivamente a Alemanha e o Reino Unido. Suassuna diz que os alemães ficaram em primeiro lugar por contarem com um pacote ambicioso de cortes de emissões e também por já estarem reduzindo-a. Tanto, que as metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto já foram atingidas. O mesmo pode-se dizer dos britânicos. Mas o país ainda é muito dependente dos combustíveis fósseis.

Foram reprovados no teste o Canadá e a Rússia. O primeiro, além de não ter uma meta climática de longo prazo, lança cada vez mais gases de efeito estufa na atmosfera. A Rússia segue o mesmo caminho. Apesar de existirem metas de alto nível por parte do governo, elas ainda precisam ser implementadas. O Japão também pode se tornar uma pedra no sapato. “Além de não atingir as metas estabelecidas em Kyoto, os objetivos do país para 2020 colocam em risco os esforços em manter o aquecimento abaixo dos 2°C”, lamenta Suassuna.

Já os Estados Unidos, mesmo com uma qualificação ruim no “G8 Climate Scorecards” - estão apenas em sétimo lugar -, apresentam um novo e construtivo pacote de política climática. No passado recente, a questão foi completamente ignorada pelo governo Bush, mas entrou na agenda nacional com o projeto de lei Waxman-Markey, como é conhecido o Ato de Energia Limpa e Segurança, em tramitação pelo Congresso, que limita as emissões no país. O problema é que os EUA já estão 20% além do que deveriam, mesmo com avanços significativos na área.

“O grande problema que vemos aqui é a falta de vontade política”, ataca a analista da WWF. “Os países do G8 concordam que o mundo não deve aquecer mais do que 2°C, mas falta seriedade nas metas de redução. Na reunião em Átila (Itália), alguns membros (do G8) tentam culpar os países em desenvolvimento pelo progresso insuficiente. Mas são eles que têm a culpa histórica no aquecimento global”, completa.

O Brasil e o G5
A WWF espera também um comprometimento por parte do G5, grupo que reune Brasil, China, India, México e África do Sul, mas não nas mesmas proporções do G8. E esses países já estão tomando algumas ações nesse sentido. Karen Suassuna destaca a África do Sul e o México, que apresentam planos concretos para diminuir 30% e 50%, respectivamente, de suas emissões até 2050. A China e a Índia também conam com metas para reduzir o consumo de energia por PIB, o que significaria menores emissões.

A principal contribuição do Brasil vem com a diminuição do desmatamento, a principal fonte emissora do país. Suassuna diz que o problema está no incremento dos combustíveis fósseis na matriz energética brasileira e da falta de visão de longo prazo na condução de políticas climáticas pelo governo.

Antonio Penteado Mendonça, advogado especialista em planejamento regional para a ocupação do solo, ressaltou três pontos de vista: o pessimista, onde o mundo não faz sua lição de casa e o segue para o pior cenário possível; otimista, que vê a existência de pessoass agindo e se esforçando para alcançar as metas; e o terceiro, no qual o ser-humano é apenas uma força de transformação da natureza. “Se desaparecermos, não haverá a menor importância para o planeta a longo prazo”, afirma. Para ele, enquanto existirem políticas ambientais para a “torcida ver”, como as presentes no país, não se alcançará meta nenhuma. “É preciso criar atividades que gerem renda para os mais necessitados e, também, que valorizem a floresta em pé”, diz.

(Por Henrique Andrade Camargo, do Mercado Ético / Envolverde, 17/07/2009)


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