A Usina Hidrelétrica Salto Pilão começará a operar comercialmente a partir da segunda quinzena de outubro. A expectativa foi anunciada sexta-feira (17/07) em Blumenau pelo diretor Superintendente do Consórcio Salto Pilão, Braz Ferrari Lomonaco, durante recebimento da Licença Ambiental de Operação da obra. Antes disso, no dia 30 de julho, os sete quilômetros do túnel adutor da usina serão tomados por 3 milhões de metros cúbicos de água do Rio Itajaí-Açu. Salto Pilão terá potência instalada de 182,3 MW, suficiente para abastecer os 28 municípios do Alto Vale e, o excedente, servirá parte da região do Médio Vale. No total, serão atendidos cerca de 700 mil consumidores.
A hidrelétrica, que está em construção entre os municípios de Apiúna, Ibirama e Lontras, está 95% concluída. Até começarem os testes, em 15 de agosto, a obra ainda receberá a instalação de painéis elétricos multifuncionais, ajustes nas comportas da tomada d’água, em toda a subestação elétrica e reparos no piso do túnel que conduzirá a água até uma das duas turbinas. Durante os testes, a unidade de geração de energia funcionará diariamente por até 12 horas. Cerca de 50 trabalhadores especializados acompanharão o teste de confiabilidade.
A energia gerada por Salto Pilão será incorporada ao sistema nacional de distribuição, no Estado, controlado pela Celesc. A potência da hidrelétrica acrescentará cerca de 7% à capacidade instalada de eletricidade do Estado. Não há mudança para o consumidor final. Porém, a usina melhora as condições de abastecimento de energia elétrica na região.
– A operação comercial de Salto Pilão possibilitará o desenvolvimento da região, com a chegada de novas indústrias e crescimento considerável do movimento econômico – avalia o secretário de Desenvolvimento Regional de Ibirama, Aldo Schneider.
Segundo o prefeito de Apiúna, Jamir Marcelo Schmidt, desde 2006, quando começaram as obras da hidrelétrica, o município recebeu R$ 2,2 milhões em medidas compensatórias e incrementou a receita em R$ 50 mil por mês de ISS, em média. Com o início das operações comerciais de Salto Pilão, o prefeito espera crescimento da arrecadação com royalties e ICMS.
– Toda a obra impulsionou a economia da cidade. O Bairro da Subida, que recebeu a usina, há três anos não tinha farmácia, restaurantes e lojas de eletrodomésticos, agora tem – comenta Schmidt.
O grande diferencial da obra é por não ter um reservatório de contenção de águas. A geração de energia se dará dentro dos túneis, por onde correrá a água do rio.
Empreendimento terá unidade de preservação ambiental
A entrega da licença ambiental de operação, feita pelo governador Luiz Henrique da Silveira ao Consórcio Empresarial Salto Pilão, emocionou o diretor-superintentende Braz Ferrari Lomonaco.
– É mais fácil construir uma hidrelétrica do que falar hoje (sexta-feira) aqui – disse, no discurso.
Lomonaco orgulha-se de entregar a obra para início das operações com quatro meses de antecedência. A antecipação deve-se ao fato de não ter havido nenhum problema grave e ao esforço de mais de 1,3 mil trabalhadores de 2006 a 2009, afirma o diretor.
Para receber a licença, o empreendimento teve de cumprir 24 programas básicos ambientais definidos pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma) para minimizar e compensar os impactos decorrentes da instalação da usina. Uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) foi instalada e foram preservadas as espécies nativas da margem do Rio Itajaí-Açu, naquela localidade.
– Toda interferência humana causa danos à natureza, mas há regras de compensação. A empresa teve de fazer uma série de medidas de preservação ambiental para viabilizar a obra – avalia o presidente da Fatma, Murilo Flores.
O empreendimento terá de manter uma Unidade de Conservação Permanente das espécies nativas, fauna e flora da região.
(Por Júlia Borba, Jornal de Santa Catarina, 19/07/2009)